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Tapete de 800m² de Tomie Ohtake volta a Memorial da América Latina

Reconstruída por 50 tecelões após incêndio, obra será exposta em dezembro

São Paulo|Karla Dunder, do R7

Tapeçaria de Tomie Ohtake reconstruída após incêndio
Tapeçaria de Tomie Ohtake reconstruída após incêndio Tapeçaria de Tomie Ohtake reconstruída após incêndio

Adriana de Andrade Pereira, 43, trabalha como tecelã numa empresa familiar. Foi ali que ela aprendeu o ofício com sua mãe, Maria Tereza, e já ensina a arte da tapeçaria ao filho, José Maurício, o Júnior, de 18 anos.

Adriana é líder da sessão de tufagem e fez parte da equipe de 50 tecelões que reconstruiu o tapete de quatro cores e 800 metros quadrados da artista plástica Tomie Ohtake.

A tapeçaria foi destruída por um incêndio que atingiu o Auditório Simon Bolívar, em novembro de 2013, no Memorial da América Latina.

Apesar do susto, a própria Tomie deu orientações sobre a de reconstrução de seu tapete.

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A equipe usou como base o acervo fotográfico e esboços que estavam no ateliê da artista plástica para o processo de reconstrução. 

“Foi um desafio enorme e ao mesmo tempo um presente poder refazer essa obra. O Memorial da América Latina nos procurou, doamos a mão de obra. Os fios, que são antichamas, foram doados pela Antron. Seguimos à risca o projeto da Tomie. Só depois da aprovação do diretor do Instituto, Ricardo Ohtake, executamos o projeto digital”, explica Marinho Pisaneschi, proprietário da empresa responsável pela reconstrução. 

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A preocupação maior foi acertar os tons de vermelho e de amarelo usados na obra. A validação das cores foi feita pelo Instituto Tomie Ohkate.

Todo o processo para a reconstituição do tapete seguiu à risca as orientações do Instituto Tomie Ohtake, respeitando o desenho e as cores. Com uma diferença: a obra original foi confeccionada em pequenos quadrados, quase como um mosaico. A versão reconstituída é uma peça inteira, sem emendas. Um desafio para ser confeccionada.

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Coube a Jonas Belarmino, responsável pela riscagem dos desenhos e há 15 na empresa, passar o desenho da planta do projeto para a tela, a base do tapete. “Nunca havia feito algo com essas dimensões. Levei uma semana só para riscar o desenho da planta na tela que seria bordada. Depois desse projeto, encaro qualquer coisa!”, brinca. 

“Quando vi o tamanho daquele tapete, fiquei assustada, achei que não daríamos conta. Foram quatro meses de dedicação e hoje eu sinto muito orgulho de ter feito parte desse projeto”, conta Adriana que trabalha há 18 anos como tecelã. “Costumo dizer que nós somos arquitetos dos tapetes. As pessoas sonham e nós transformamos as ideias em realidade”.

Obra pronta, o desafio passou a ser o de levar da fábrica localizada em Perus, bairro da região norte, até o Memorial da América Latina, na Barra Funda. “Como carregar um tapete tão pesado? Como levar e não danificar? Eram questões que precisávamos responder. Decidimos finalizar o tapete e colocar o látex, produto que garante a firmeza dos fios, no Memorial. Mesmo assim, o tapete saiu da fábrica pesando quatro toneladas. Para carregá-lo até o caminhão, contamos com 30 homens”, conta Pisaneschi.

Satisfação é a palavra usada por outra funcionária, Regiane Ribeiro André. A estudante de pedagogia e responsável pela revisão dos tapetes conta que a obra de Tomie serviu de inspiração.

“Eu não conhecia o trabalho dela, estudei e apresentei um seminário na faculdade. E percebi com tudo isso que estamos aptos a superar os desafios. Estou muito satisfeita com o resultado do trabalho e com o que aprendi". E completa: “O melhor é que vou poder visitar a obra e mostrar para a minha neta, dizer que ajudei a fazer aquela obra de arte. ”

A tapeçaria será exposta no Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, que deve abrir suas portas em dezembro deste ano.

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