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Tragédia no litoral: falta de RG e vítimas de outros estados dificultam identificação

De acordo com o governo, 38 de 50 corpos já foram identificados; são 13 homens adultos, 12 mulheres adultas e 13 crianças

São Paulo|Letícia Dauer, do R7

Resgate de vítimas das chuvas em São Sebastião
Resgate de vítimas das chuvas em São Sebastião Resgate de vítimas das chuvas em São Sebastião

A identificação das vítimas dos temporais que atingiram o litoral norte de São Paulo no último fim de semana está concentrada no IML (Instituto Médico Legal) de Caraguatatuba. Ao R7, o delegado Maurício Freire, diretor do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), contou os desafios enfrentados pela equipe de médicos legistas e papiloscopistas. 

De acordo com a última atualização do Governo de São Paulo, 49 óbitos foram confirmados em São Sebastião e 1 em Ubatuba. Já foram identificados 38 corpos: 13 homens adultos, 12 mulheres adultas e 13 crianças.

A falta de carteira de identidade das crianças, o número alto de vítimas — moradores e turistas que não são paulistas — e o estado de decomposição dos corpos são os maiores empecilhos no trabalho dos funcionários do IML.

Para a liberação de um corpo, é necessária a identificação por algum método científico, como a papiloscopia, na qual é realizada a análise das impressões digitais e a comparação com algum documento — como o RG ou a carteira de trabalho — ou com um banco de dados. 

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No caso do Estado de São Paulo, há cerca de 60 milhões de pessoas cadastradas no Sistema de Identificação Automatizada de Impressões Digitais. Segundo o delegado Maurício Freire, o banco de imagens ultrapassa a marca de 600 milhões, pois é feita a coleta das digitais de todos os dedos.

Por enquanto, a equipe do IML de Caraguatatuba utilizou apenas a papiloscopia para a identificação das vítimas da tragédia das chuvas. Os métodos são escolhidos a partir do estado de decomposição dos corpos. Caso esteja muito avançado, é necessário adotar a extração do DNA ou a análise da arcada dentária.

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O diretor do IIRGD conta que a maioria das vítimas é de outros estados, como o Piauí, o que dificulta o trabalho de identificação e torna o processo mais lento. No Brasil, ainda não existe um sistema nacional e integrado de compartilhamento de dados.

"É preciso enviar a impressão digital para o outro estado e esperar a confirmação para finalmente liberar o corpo. Em algumas ocasiões, esse processo pode levar dias", explica.

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Outra dificuldade enfrentada pelos legistas e papiloscopistas é a falta de documento das crianças. De acordo com o delegado Maurício Freire, até agora 10 das 13 crianças necropsiadas não tinham RG, e não foi possível consultar o banco de impressões digitais. Nesses casos, elas foram liberadas a partir do reconhecimento por familiares.

Trinta e sete pessoas continuam desaparecidas, e as buscas permanecem, segundo informações da Prefeitura de São Sebastião. Para o diretor do IIRGD, nos próximos dias, o estado avançado de decomposição será o grande desafio da equipe do IML.

Uma das vítimas da tragédia, por exemplo, ainda não foi identificada devido ao estado do corpo e à dificuldade da coleta das impressões digitais. Por isso foi adotada uma técnica mais complexa, na qual é retirada a pele que cobre os dedos das mãos, conhecida como luva cadavérica. 

O método depende de reações químicas, e o resultado pode sair em dois ou até dez dias. "Quanto mais rápido a pessoa for localizada, mais fácil é recolher a impressão digital", conclui o delegado Maurício Freire.

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