"Transporte está assustador, se pudesse não pegaria", diz usuária
No segundo dia de retorno à fase vermelha, passageiros enfrentaram mais um dia de transporte público lotado em SP
São Paulo|Do R7
No segundo dia de retorno de São Paulo à fase vermelha, passageiros enfrentaram mais um dia de transporte público lotado, em especial na estação Luz, na região central. Os trens das Linhas 7-Rubi e Linha 11-Coral da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) já chegavam bem cheios assim como as plataformas.
Para tentar conter o avanço da covid-19, apenas serviços essenciais podem funcionar no estado e há toque de recolher entre 20h e 5h. A capital paulista mantém em vigor o rodízio noturno de veículos a partir das 20h, dependendo do final da placa do carro.
A operadora de telemarketing, Talita Moreira, de 31 anos, faz diariamente o trajeto Pirituba, na zona norte da capital, até a estação República, no centro. Ela não teve covid-19, mas teme pela saúde da mãe, que é do grupo de risco e mora com ela. “O transporte está assustador, se eu pudesse, não pegaria de jeito nenhum. Tinha que ter isolado lá no início, cancelado o Carnaval, agora está descontrolada [a pandemia]”, lamenta.
O técnico de enfermagem do Hospital das Clínicas, Felipe Marque Vieira, acredita que a situação tem piorado. Ele sai de Francisco Morato, na Grande São Paulo, e vai até a estação Oscar Freire na linha 4-Amarela do Metrô. “Foi ótimo o megaferiado, essa semana já voltou ao normal, muito cheio e está cada vez pior. Se depender de condução, não existe pandemia. É muito jogo político, estão pensando em 2022 e esquecendo o agora, aí o povo fica a mercê”, diz.
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Danilo Laurindo, de 36 anos, também responsabiliza o governo pela aglomeração no transporte público de São Paulo. “Transporte está bem cheio essa semana, voltou ao comum. O maior responsável é o Doria, tá fazendo isso para se promover a presidente, ninguém tá pensando em resolver o problema”, afirma o técnico de refrigeração.
A professora de português, Elisângela de Lima, de 48 anos, foi vacinada no último sábado (10). Ela trabalha de forma presencial às terças e quintas em uma escola em Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital, e sai de Pirituba, na zona norte, onde mora. “O governo está péssimo, está tudo errado”, enfatiza.
A auxiliar de escritório, Talita Guimarães, de 26 anos, depende do trem para chegar ao trabalho. Ela sai de São Caetano, no ABC Paulista, e vai até a Luz, na região central da capital. Ela disse que está se cuidando para não ser infectada pelo coronavírus, mas reclama da lotação do transporte: “No feriado estava bem mais tranquilo, ontem e hoje estão bem cheios os trens. Deveria ser estudada uma forma mais eficaz, porque a gente fica sem opção e precisa trabalhar”.
O outro lado
A SMT (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) afirmou, em nota, que desde o início da pandemia adotou a Operação Monitorada, com avaliação sistemática a cada faixa de horário, para atender a demanda de passageiros.
Em março de 2020, a demanda caiu 80% em relação a um dia normal e na semana passada – último dado disponível - a queda foi de 61%, na média, entre as três empresas - Metrô, CPTM e EMTU. Antes da pandemia, as empresas transportavam juntas cerca de 10,5 milhões de passageiros por dia, segundo a SMT.
A secretaria informa ainda que Plano São Paulo recomenda o escalonamento de entrada e saída de funcionários em atividades essenciais para evitar a concentração nos horários de pico.
Já a frota de ônibus das linhas municipais da cidade de São Paulo foi mantida acima da demanda, informou a SPTrans (São Paulo Transporte). "No momento, a frota está mantida em 93,34% nos bairros mais afastados do centro e em 88,25% em toda a cidade, para uma demanda de menos da metade", escreveu.
O órgão disse ainda que a equipe técnica da SPTrans monitora diariamente o deslocamento do passageiro na capital com o objetivo de equilibrar a oferta à demanda.
De acordo com a prefeitura, uma série de medidas preventivas foram adotadas, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, reforço na higienização dos veículos, garagens e terminais, principalmente em locais onde há contato mais frequente dos passageiros, como corrimãos e assentos.
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