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Três em dez paulistanos não lembram mais em quem votaram

Estudo da Rede Nossa SP e Ibope indica que os jovens são os que têm menor interesse em participar da vida política na capital

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Três em cada 10 paulistanos não lembram em quem votou nas eleições municipais 2020
Três em cada 10 paulistanos não lembram em quem votou nas eleições municipais 2020 Rovena Rosa/Agência Brasil - 29.11.2020

Três em cada 10 paulistanos (30%) não lembram em quem votaram para vereador nas eleições municipais de 2020, apesar de passados poucos meses do pleito. Houve melhora no cenário em relação a 2018 e 2019, quando 63% das pessoas disseram não ter lembrança do nome do candidato. O levantamento faz parte do estudo "Viver em São Paulo: qualidade de vida", realizado pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, e divulgado nesta quinta-feira (21).

A pesquisa ouviu 800 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais, entre os dias 5 de dezembro e 4 de janeiro, por meio de entrevistas online e domiciliares com questionário. A amostra é desproporcional para permitir a análise regionalizada. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o índice de confiança é de 95%.

O estudo destaca que 58% dos entrevistados não têm nenhuma vontade de participar da vida política na cidade de São Paulo contra 11% que disseram ter muita vontade. Quanto mais jovem, menor é o interesse, sendo que 67% tinham entre 16 e 24 anos.

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Para a coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães, o jovem não se sente representado. "Estamos distantes de uma grande participação, hoje é mais o compartilhamento de informações do que uma construção conjunta. O jovem está desmotivado e, há anos, tem o descolamento da população com a política. O tema é cansativo. É sempre um ganho para dois retrocessos", avalia.


Participação na política

Por outro lado, cresceu a proporção de moradores que participam de alguma forma da vida política, com destaque para o envolvimento em abaixo-assinados ou petições. Estar em casa, na pandemia, contribui para isso, uma vez que a internet conecta as pessoas. Ainda assim 46% da população não tem qualquer participação.

O interesse aumenta, segundo o estudo, de acordo com a escolaridade do paulistano, a renda familiar ou classe socioeconômica e ainda entre brancos.


Carolina Guimarães afirma que recebeu com surpresa o dado de que, nem mesmo em período eleitoral com a renovação dos Poderes Executivo e Legislativo, tenha aumentado o envolvimento da população com a política: 54% dos entrevistados não se sentem interessados.

"A gente acredita que as pessoas se preocupariam com o tema, mas houve uma renovação pequena. Na Câmara, 60% dos vereadores foram reeleitos e são pessoas que se perpetuam nos cargos. Vemos isso com preocupação porque deve haver pouco questionamento das pautas do Executivo. Mas tivemos também ganhos em pautas progressistas, com a chegada de mais mulheres, negros, transexuais, e com as duas candidaturas coletivas".


Avaliação da administração municipal feita pelo Ibope e Rede Nossa SP
Avaliação da administração municipal feita pelo Ibope e Rede Nossa SP Reprodução / Rede Nossa SP

Avaliação da gestão municipal

O estudo pediu aos paulistanos para avaliar a atual administração municipal e 45% dos entrevistados acreditam ser regular. Destaque para as classes D e E neste quesito. Outros 35% acham que a gestão é ruim ou péssima, porcentagem maior nas classes A e B. Também 18% avaliaram como ótima ou boa e 2% não souberam responder o questionamento.

Os números indicam estabilidade porque são similares aos obtidos na pesquisa em 2019, quando o prefeito já era o Bruno Covas (PSDB), agora reeleito na capital paulista.

A coordenadora da Rede Nossa São Paulo acredita que as ações adotadas por Covas na pandemia foram importantes para sua reeleição. "Ele levou a sério o assunto e se pautou pela ciência, contou com profissionais da saúde, o SUS e a estrutura existente. Foi reeleito também porque a cidade é conservadora e se a gestão dele não melhorou [na avaliação], também não piorou", enfatiza.

No entanto, Carolina Guimarães ressalta que ele terá grandes desafios pela frente: "Covas não começou bem, com o aumento do próprio salário e o fim da gratuidade no transporte para idosos de 60 a 64 anos. Agora se afastou para cuidar da saúde e quem assume é o vice [Ricardo Nunes], que é bastante questionado. Além da pandemia, tem o desemprego e a questão dos moradores de rua".

A avaliação da atuação das subprefeituras também mostrou estabilidade e a maioria (75%) considera a gestão regular ou ruim. A pesquisa apontou ainda que 29% dos moradores da capital não conhecem as funções desempenhadas pelas subprefeituras e outros 58% conhecem só um pouco.

No ranking de instituições que mais contribuem para melhorar a qualidade de vida do cidadão, a Prefeitura de São Paulo aparece em quarto lugar, ficando atrás da Igreja (primeira colocada em todas as edições da pesquisa), ONGs e Universidades e dividindo a posição com os meios de comunicação.

De acordo com o levantamento, as características mais visadas em um prefeito são conhecer bem os problemas da cidade e ter visão de futuro.

Avaliação da atuação da Câmara Municipal feita pelo Ibope e Rede Nossa SP
Avaliação da atuação da Câmara Municipal feita pelo Ibope e Rede Nossa SP Divulgação / Rede Nossa SP

Câmara de Vereadores

A avaliação do trabalho desempenhado pela Câmara Municipal não trouxe alterações significativas em relação a 2019, sendo que 52% dos entrevistados avaliaram a gestão como ruim ou péssima e 33% regular. Apenas 9% dos paulistanos disseram que era ótima ou boa.

"A Câmara tá distante do cidadão, com interesses específicos ou regionais. Há desconhecimento do papel do Legislativo e, quando conhece pela mídia, o que se sabe é pouco e negativo, como as CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito)", justifica a pesquisadora da Rede Nossa São Paulo.

O levantamento indica que a população espera que o vereador conheça bem os problemas da região onde mora o eleitor, que seja trabalhador, tenha visão de futuro e saiba atuar em equipe.

Uma possível participação nas atividades da Câmara teria mais apelo se fosse realizada por meio das redes sociais, aplicativos de mensagens ou reunião com a população dos bairros.

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