Um ano após queda de viaduto, prefeitura vistoria 222 estruturas
De acordo com balanço, foram gastos R$ 37,9 milhões na manutenção de obras na cidade. Motoristas ainda não receberam indenizações
São Paulo|Fabíola Perez, do R7
Um ano após a queda de parte da estrutura do viaduto da Marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo fez a vistoria de 126 locais, que incluem 222 estruturas da cidade. Dessas, sete obras emergenciais foram concluídas e cinco estão em andamento. De acordo com a administração municipal, foram utilizados R$ 37,9 milhões na manutenção de obras e artes especiais. O viaduto se rompeu e caiu na madrugada do dia 15 de novembro do ano passado, prejudicando motoristas que passavam pelo local.
Para o viaduto da Marginal Pinheiros, cuja parte da estrutura se rompeu e desabou, o secretário municipal de infraestrutura e obra Vítor Aly afirma que houve um custo de R$ 12 milhões mais, além de R$ 3,5 milhões que ainda devem ser definidos em licitação. "Naquele local, fizemos um recuperação estrutural, vimos o tamanho do estrago e que necessitava de um reforço estrutural em concreto, após o rompimento. A complementação da obra, na qual não está implicada a parte emergencial, dependerá de licitação", afirmou.
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O secretário disse ainda que existem obras emergenciais na Ponte do Jaguaré, Viaduto Miguel Mofarrej, Viaduto Alcântara Machado, e o pontilhão do Córrego Três Pontes que devem ser concluídas em janeiro, março e abril, respectivamente. A emergência da Ponte Cidade Jardim, segundo a administração municipal, está em fase de elaboração do projeto executivo.
No último ano, foram concluídas as obras emergenciais nas pontes da Casa Verde, Freguesia do Ó, Dutra, Ponte do Limão, Pontilhão Itaim e Viaduto da Marginal Pinheiros. A previsão é de que no dia 3 de dezembro sejam divulgadas as empresas vencedoras do processo de licitação para a contratação de laudos estruturais de 19 locais. Além disso, outro edital com 18 locais será divulgado no dia 18 de dezembro.
"Todas as obras que, do ponto de vista emergencial, precisavam de vistorias foram realizadas intervenções emergenciais. Elas têm segurança baseado nos relatórios técnicos. As demais entram na cultura da manutenção. Não temos condições nem capacidade técnica de fazer todas as manutenções", afirmou Aly.
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"Reservamos R$ 9 bilhões para a manutenção de estruturas urbanas, não somente para pontes e viadutos", afirmou Mauro Ricardo, secretário municipal de governo, que citou o prefeito Bruno Covas, internado no hospital Sirio-Libanês para tratamento contra um câncer.
No ano passado, após o rompimento de uma parte do viaduto da Marginal Pinheiros, o prefeito determinou a realização de laudos estruturais em todas as obras da cidade, a partir de uma lista com 185 pontes e viadutos.
Após o viaduto ceder, a administração municipal afirmou que o TCM (Tribunal de Contas do Município) concordou com a contratação sem licitação para casos emergenciais, mas afirmou que todas as estruturas deveriam passar por vistorias visuais.
Motoristas prejudicados
O analista de sistema Ronaldo Andrade, de 43 anos, ainda arca com os prejuízos da madrugada em que viu o “carro voar” sobre o viaduto. “Fiquei traumatizado. Fico muito preocupado, principalmente, quando paro em uma ponte ao lado de um caminhão”, afirma. “Se uma parte da estrutura caiu com cinco carros, imagino com veículos pesados.”
Ronaldo afirma que somente depois de um ano da queda de parte do viaduto do Jaguaré ele passará pela primeira audiência para saber quem pagará o valor de indenização pelos prejuízos que teve. “Meu carro deu perda total. Sairia R$ 150 mil para consertar pela concessionária”, diz. “Como percebi que demoraria muito para conseguir fazer, tentei resolver o problema aos poucos.”
O motorista diz ainda que sente dores na coluna cervical após o impacto que sofreu com queda de parte do viaduto. Ele, que também é motorista de aplicativos, relata sentir receio de passar pela Marginal Pinheiros até hoje. “Reparo muito nos viadutos. Tem muitas pontes que estão em condições precárias e precisam ser reformadas.”
De acordo com o advogado que orienta os motoristas, Rodrigo Estrada, existem cinco processos diferentes, um para cada prejudicado. "Entrei com os processos em novembro do ano passado, eles não estão na mesma vara. Tive que fazer a citação do Estado de São Paulo e da Prefeitura", afirma. "Eles ofertaram adefesa, tenho que fazer a réplica para os juízes marcarem audiência." Além de Ronaldo, os demais motoristas ainda não tiveram as audiências marcadas.