Um mês após fiscalização, clientes ainda denunciam golpe da fruta no Mercadão de SP
Nas redes sociais, consumidores relatam abusos, manipulação e até agressividade, mesmo após operações para coibir táticas
São Paulo|Isabelle Amaral*, do R7
Um mês após as denúncias sobre o "golpe da fruta" no Mercado Municipal de São Paulo, conhecido popularmente como Mercadão, clientes relatam, nesta quarta-feira (16), práticas abusivas por parte de vendedores e preços exorbitantes, mesmo após fiscalização da administração do local e do Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor).
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Nas redes sociais do estabelecimento, os relatos de golpes e abordagens abusivas continuam. "Uma coisa que incomoda muito é que a cobrança é sempre errada. E cobram sempre para cima. O que se vende por R$ 10 e quer cobrar R$ 12, R$ 13, ou até R$ 200. A desculpa sempre é que erraram", escreveu uma internauta no último post do Instagram no Mercadão, nesta quarta-feira.
De acordo com Fernando Capez, diretor-executivo do Procon-SP, a prática infringe diretamente pelo menos dois artigos do Direito do Consumidor: o 39º (que veda práticas abusivas contra o consumidor) e o 6º (estabelece proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, e métodos comerciais coercitivos ou desleais). As violações são passíveis de multa de R$ 20 a R$ 250 mil.
Até o dia 15 de fevereiro, três barracas foram interditadas "até mostrarem que corrigiram os problemas denunciados", informou a Concessionária Mercado SP SPE, responsável pela gestão do local. No entanto, as três já voltaram a funcionar e as denúncias não param de chegar.
Os vendedores, inicialmente, usam abordagem atenciosa, mostram a variedade de frutas exóticas, oferecem produtos para ser provados gratuitamente e dizem um preço. Na hora do pagamento, se o cliente opta pelo pagamento por cartão, o comerciante informa outro valor e, caso a pessoa não queira mais levar o produto, muitas vezes o vendedor passa a utilizar uma abordagem agressiva.
Uma mulher comentou, há cerca de dois meses, antes de os golpes virem à tona, que presenciou a cena de um comerciante jogando as frutas na cliente após ela se recusar a pagar o valor de R$ 400. “Quando a mulher, que estava com o filho, disse que ia levar apenas uma caixa de uva de R$ 30, ele continuou pressionando para que levasse o resto. Nisso, o homem se transformou completamente, brigou com ela, jogou as frutas e falou um monte. Eu fiquei incrédula”, escreveu.
Além disso, os comerciantes conseguem convencer muitos clientes contando histórias, relatou outra usuária há três semanas. "Eles colocam tâmara no morango e dizem que a rainha da Inglaterra come pela manhã e te cobram um rim." Outro internauta disse que passou pelo mesmo caso, além de ter pago R$ 200 por uma caixa de lichia. "Foi no estabelecimento Empório das Frutas. Sem a menor fiscalização", informou em um comentário feito na semana passada. "Gente, o golpe continua", alertou.
* Estagiária sob supervisão de Fabíola Perez