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Vazamentos e rachaduras em muro de escola ameaçam casas em SP

Três imóveis na Vila Jaguara foram interditados após apresentarem infiltrações. Moradores não têm para onde ir e cobram solução

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Imóvel foi invadido por lama e água que saíam de cano da escola
Imóvel foi invadido por lama e água que saíam de cano da escola

Moradores da rua Coronel Virgílio dos Santos, na Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo, estão preocupados com a situação dos imóveis desde que rachaduras, vazamentos e infiltrações surgiram. Segundo eles, o cenário se agravou com as chuvas, e as residências foram interditadas pela Defesa Civil.

A origem do problema seria a Escola Estadual Professor Pio Telles Peixoto.

Um dos imóveis interditados é o da fonoaudióloga Fernanda Senna Lobo. O terreno pertence à família há mais de 30 anos e nele estão três casas, cada uma ocupada por um dos irmãos. Fernanda diz que o problema se arrasta desde 2015, quando o muro da escola cedeu. 

"Foi bem assustador, não machucou ninguém, mas veio terra com entulho pro quintal. Em um ano, reconstruíram o muro e colocaram uns tubos grandes, uns canos que desembocam no nosso quintal, e disseram que não precisaria de mais reparos", lembra a moradora.


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No ano passado, o irmão dela reformou a casa dos fundos e se mudou para o imóvel. Mas, em 20 de outubro de 2021, os canos do muro da escola começaram a jorrar lama no quintal, e o barro invadiu as casas durante um temporal. O muro, com infiltrações, agora tem também uma rachadura vertical.

"Meus irmãos ficaram assustados e chamaram a Defesa Civil, que pediu que a gente tirasse as coisas de casa. Três casas foram interditadas, duas da família e a da vizinha, porque saía muita lama. Todo um estresse", conta Fernanda.


Muro repleto de infiltrações e com ralos que escoam água da escola
Muro repleto de infiltrações e com ralos que escoam água da escola

Apesar da recomendação para que deixassem os imóveis, todos permaneceram nas casas porque não tinham para onde ir.

A escola foi procurada, e a Defesa Civil, além de interditar os imóveis, notificou a Secretaria Estadual de Educação sobre a situação. No comunicado, o órgão escreveu: "Trata-se de ocorrência de risco de desabamento de muro, onde foi constatada infiltração severa advinda do terreno da EE Prof. Pio Telles Peixoto. Apesar de obras na escola, o problema persiste colocando todos os imóveis em risco". 


Ainda segundo o comunicado, a vistoria foi acompanhada por dois servidores da escola "que se comprometeram a acionar a manutenção da Secretaria Estadual de Educação para intervenção imediata".

Transtornos

Dias depois da invasão de lama e água nas casas, os moradores começaram a sentir um forte odor que saía do cano. Segundo Fernanda, a escola informou dessa vez que era um problema na caixa de gordura da cozinha da unidade, que deveria ter manutenção constante. Para o reparo seria usada verba da Associação de Pais e Mestres.

No dia 31 de janeiro, durante forte temporal que atingiu São Paulo, começou a escorrer água limpa da parede de uma das casas. Não havia rachadura, mas o evento chamou a atenção dos moradores. Uma nova vistoria foi feita pela Defesa Civil e outra notificação teria sido enviada à escola.

"É um equipamento público que foi ficando abandonado. Quem está lá não tem governabilidade para resolver a situação. Fui à Diretoria de Ensino e fiz um requerimento por transparência nas informações. Disseram que foram dois engenheiros e não havia risco, mas não deram um laudo. Ficamos ansiosos porque não deram um prazo. Meu irmão teve de se mudar para a casa da frente, e eu já deveria ter me mudado para lá, mas tivemos de rever os planos. Eu tenho abrigo, mas meus irmãos não têm opção", revela Fernanda.

A casa dos fundos do terreno, que pertence ao irmão, hoje está desocupada por ser a mais próxima do muro da escola.

Muro da casa de moradora apresenta infiltrações, e há vazamentos constantes no quintal
Muro da casa de moradora apresenta infiltrações, e há vazamentos constantes no quintal

Outra área prejudicada é a da casa de Maria dos Anjos Santos. Ela e o marido moram no sobrado há 19 anos. O muro da escola faz divisa com a churrasqueira e o quintal do piso superior. É possível ver uma rachadura extensa no muro e vazamentos.

"Rachou o muro inteiro e vaza muita água. A Defesa Civil esteve aqui e interditou, mas não temos para onde ir e vou ficar aqui. Imaginamos que seria uma obra rápida por parte da escola por causa da situação, mas morreu o assunto e começou o vazamento de novo. A gente não sabe de nada, não vê nada", relata a moradora.

Maria diz nem saber de onde vem a água limpa que escorre pela parede e fica acumulada no quintal. O cômodo com quarto e banheiro, mais perto do muro, não é mais usado.

"Eu durmo com medo. Se o muro desabar, vai descer minha casa inteira. Se for de dia, eu corro com qualquer barulhinho. Eu vou lá nos fundos porque tem geladeira e varal, mas, na parte de cima, procuro ficar o mínimo possível", diz.

Apesar de ter vontade de vender o imóvel, Maria quer antes resolver a situação e não passar o problema ao novo comprador: "Assim que for resolvido, vamos vender, sim. Nunca ouvimos prazo. Falam que vão resolver, mas não vai ser rápido porque depende de órgãos públicos. Toda vez que reclamamos, desde 2013, fazem uma obra e garantem que não vai vazar mais. Dá aquela pausa e depois volta. Da última vez, a pausa foi curta".

Fernanda Lobo já cogita recorrer à Justiça para solucionar o problema, mas ainda espera uma resposta conclusiva da escola. "Estamos conversando sobre a possibilidade de sair de lá, mas é nossa única casa. Não queríamos vender porque é grande e por questões afetivas, temos memórias da minha mãe, crescemos lá, mas tem sido muito desgastante. Ficamos num estado de nervos e precisamos resolver a situação mesmo se for para vendermos", ressalta.

O outro lado

Em nota, a Seduc-SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) e a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) informaram que uma vistoria técnica foi realizada na EE Professor Pio Telles Peixoto e que não há risco de queda do muro. "Diante disso, não é necessária a interdição da escola, assim preservando a continuidade para as aulas", escreveram.

Em relação aos vazamentos, foram considerados pela Secretaria "de baixa complexidade", implicando reconstrução das canaletas de drenagem, e serão realizados com ajuda do PDDE Paulista (Programa Dinheiro Direto nas Escolas).

Sobre o problema citado em 2013, a Seduc-SP disse que providenciou reparo do vazamento e contenção com muro de arrimo: "Em conjunto com a FDE, o caso foi solucionado na época".

A Seduc-SP ressaltou ainda que a unidade escolar já solicitou o orçamento para reformar as canaletas e reparar das caixas de gordura e esgoto. O serviço está em processo de contratação. Mas a secretaria não deu prazo para finalização.

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