'Você deve ser minha', diz jovem em mensagem antes de matar gamer
Troca de mensagens revelam relação entre Ingrid, a vítima, e Guilherme, que se entregou à polícia de SP após matá-la
São Paulo|Do R7, com informações da Record TV
Uma troca de mensagens revela detalhes da relação entre Ingrid Bueno, gamer profissional assassinada aos 19 anos em São Paulo, e Guilherme Alves Costa, de 18 anos, que se entregou à polícia meia hora após cometer o crime, no dia 24 de fevereiro.
O pai de Ingrid conseguiu acessar arquivos de mensagens trocadas com Guilherme. Para ele, as conversas provam que o rapaz queria realmente matá-la. Em um dos arquivos, Ingrid fala que está com suspeita de covid-19. Guilherme insiste para encontrá-la, mesmo se o teste der positivo.
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Na sequência, vem o trecho que mais chama a atenção. Guilherme diz: "Você deve ser minha. Isso faz parte do sacrifício. Agora você não entende, está confusa". Ingrid rebate: "Isso não é um livro, Guilherme". Ele responde: "Mas em breve você vai entender o real motivo de eu pedir isso".
Quebra de sigilo
A Justiça já autorizou a quebra de sigilo dos dados do celular de Guilherme para entender se ele agiu sozinho, e o que conversava com a vítima. Os advogados de defesa aguardam as informações do celular e também o laudo psiquiátrico, mas acreditam que o jovem sofra de algum tipo de transtorno.
Em um livro escrito pelo rapaz, ele diz que fazia parte de um grupo "sem nenhuma relação pessoal, é tudo virtualmente através de um canal na deep web". Os advogados de Guilherme dizem que o jovem nega participar de qualquer seita ou que tenha orientações de algum líder ou grupo.
Guilherme também teria dito aos advogados que "não sabia o que estava fazendo, estava fora de si", que não pensou nas consequências do ato e que Ingrid teria problemas de depressão.
Réu
O Ministério Público denunciou Guilherme por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e crueldade. A Justiça aceitou e autorizou a quebra de sigilo. Se condenado, a pena pode chegar a 30 anos de prisão.
Desequilíbrio
Para o psiquiatra Isaac Efraim, o comportamento e as ações de Guilherme não deixam dúvidas quanto a um profundo desequilíbrio psicológico. “Ele tem cismas na relação dele com o mundo, onde ele se sente diminuído, humilhado, e a agressivade vem como uma forma de compensação a essa humilhação que ele sente que passa. Não é real. Faz parte do quadro de loucura dele”, avalia Efraim.
O promotor pediu um exame de insanidade mental. O resultado pode determinar a extensão da pena, caso ele seja condenado.
“A única hipótese para que ele não seja apenado será a existência de alguma doença mental como esquizofrenia, algum transtorno, e assim por diante”, afirma o psiquiatra forense Guido Palomba. “Esses indivíduos, quando cometem delitos dessa natureza, e são novos como ele é - 18, 19 anos de idade -, é muito difícil recuperá-los para voltar à sociedade. Normalmente, eles precisam ficar longe da sociedade, e por quanto tempo viver. Quando eles voltam, eles não tardam em recomeçar a atividade criminosa.”