Muitas vezes, a busca por resultados rápidos e visíveis nas atividades físicas faz com que mitos sobre a prática de exercícios ganhem força — como a ideia de que suar muito significa queima de gordura ou a crença de que treinar em jejum é o segredo para emagrecer. Especialistas ouvidos pela Agência Einstein mostram que o que realmente garante resultados eficazes na prática esportiva é a combinação de consistência, planejamento adequado e a adoção de estratégias que respeitem o funcionamento do corpo, além da boa alimentação e hidratação. A seguir, confira alguns mitos que você precisa quebrar para tornar sua prática mais eficaz:Muita gente acredita que sair pingando do treino é sinal de que vai emagrecer bastante, mas esse é um grande mito. A sudorese é um mecanismo do corpo para regular a temperatura, e nada tem a ver com a perda de peso. O suor pode estar relacionado à temperatura ambiente, à umidade relativa do ar e ao tipo de atividade, entre outros fatores. O que realmente importa para a queima de gordura é o déficit calórico, ou seja, gastar mais calorias do que se consome. “Usar estratégias para suar mais apenas vai levar à desidratação e aumentar o risco associado ao exercício, podendo provocar exaustão e cãibras”, alerta o profissional de educação física Everton Crivoi do Carmo, responsável pela preparação física no Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein. Esse é um dos exercícios mais eficientes e completos, mas também um dos mais temidos devido à crença de que pode causar danos aos joelhos. A verdade é que, se feito da maneira correta, o movimento é extremamente benéfico e promove o efeito contrário, fortalecendo os músculos que dão apoio a essa articulação.“Esse exercício é ótimo para o fortalecimento dos membros inferiores, pois simula um movimento do dia a dia”, destaca o ortopedista e médico do esporte Roberto Ranzini, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Isso não significa, porém, abrir mão de cuidados. “É preciso ter muita atenção ao bom posicionamento do tronco e evitar flexão muito acentuada dos joelhos”, orienta Ranzini. O ideal é sempre pedir orientação a um profissional de educação física sobre a forma correta de fazer o exercício. “Embora se exercitar antes de se alimentar possa aumentar a oxidação da gordura, não existem evidências conclusivas de que isso resulte em mais perda de massa gorda ao longo do tempo”, afirma Crivoi. Dependendo do treino, aliás, o jejum pode até fazer com que a pessoa se exercite com menos intensidade. “O que realmente importa no processo de emagrecimento é o balanço entre o total de calorias queimadas e as calorias consumidas ao longo do dia, e não no momento exato da malhação”, observa o profissional de educação física.A duração do exercício deve ser adequada ao objetivo individual. Para otimizar os resultados, é mais importante focar na intensidade e na qualidade da atividade do que no tempo gasto. A distribuição de cargas, alternando treinos longos de baixa intensidade com outros mais curtos de alta intensidade, é muito mais importante para um bom programa de treinamento. “Além disso, treinos longos sem o devido preparo podem provocar lesões”, observa o ortopedista. Esse desconforto, conhecido como dor tardia, não é um indicativo de um treino eficaz. Ela é apenas um sinal de que o corpo está se adaptando a um estímulo novo ou mais intenso. Quem treina com regularidade está menos propenso a sentir esse tipo de dor — que ocorre, em especial, quando o indivíduo muda seu treino de alguma forma. Resultados reais vêm de consistência, progressão de carga e adaptação ao longo do tempo.Pelo contrário, os exercícios de resistência são muito importantes para a perda de peso, pois é a massa muscular que aumenta o metabolismo e promove uma queima maior de calorias. “Com a musculação, o número na balança pode até aumentar, pois massa muscular pesa mais do que a gordura, mas acontece uma mudança nos percentuais de massa gorda e massa magra, o que é ótimo, pois o que emagrece é a perda de gordura”, explica Ranzini. O treino abdominal fortalece a musculatura da região, mas não reduz a gordura localizada. Para ter uma barriga mais definida, é necessário diminuir o percentual de gordura corporal com uma combinação de dieta balanceada e exercícios que promovam o gasto calórico, como a união dos aeróbicos e da musculação. Assim, é possível diminuir a camada de gordura sobre os músculos e deixá-los mais visíveis. Quem apresenta esse afastamento muscular na região abdominal, provocado especialmente pela gravidez, não tem contraindicação para fazer exercícios abdominais. Na maioria dos casos, inclusive, eles até ajudam a diminuir a abertura. Como em todos os casos, porém, é importante a orientação de um profissional. Esse é um mito comum no mundo fitness, mas pesquisas têm mostrado que o alongamento não é eficaz na prevenção de lesões e pode até prejudicar o desempenho, especialmente se feito antes de atividades que exigem força e potência. “Estudos indicam que o alongamento dinâmico, como movimentos controlados e mais suaves, pode ser mais eficaz para preparar o corpo”, afirma Crivoi.A musculação comprovadamente é benéfica para todos. E não só para ganhar músculos, mas também para melhorar a saúde óssea, prevenir lesões, aumentar a resistência funcional e ganhar qualidade de vida, independentemente dos objetivos estéticos.