Número de casos de hepatite A sobe na cidade de São Paulo, e secretaria emite alerta
Patamar de infecções é o terceiro maior desde 2007, com 204 pacientes diagnosticados somente neste ano
Saúde|Do R7
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo emitiu um alerta epidemiológico, nesta semana, devido a um patamar elevado de casos de hepatite A na cidade. Segundo o boletim do Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde), até 15 de setembro haviam sido confirmadas 204 infecções, número maior do que em todo o ano passado e o terceiro mais alto desde 2007 (veja o gráfico abaixo).
Entre os casos confirmados de 2022 a 2023, a secretaria ressalta que 70,8% foram de indivíduos do sexo masculino; e 67,5% dos pacientes tinham de 19 a 40 anos.
Embora o boletim afirme que "não há, até o momento, fonte conhecida de contaminação comum entre os casos", em 17,8% dos pacientes em que foi identificada, a origem era alimento ou água. Em 5,3% dos infectados, constatou-se transmissão por via sexual.
Porém, 73,3% dos casos não tiveram a fonte de infecção descoberta até o momento.
A cidade de São Paulo viveu um surto de hepatite A nos anos de 2017 e 2018, com 689 e 486 infecções registradas em cada ano, respectivamente. Naquela ocasião, a transmissão sexual foi predominante.
O que é a hepatite A
O Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento explica que a "hepatite A aguda é uma inflamação do fígado causada pelo vírus da hepatite A com duração inferior a seis meses".
"Em geral, a hepatite A se espalha quando as pessoas ingerem o vírus após tocar um objeto ou consumir um alimento ou bebida contaminada com fezes de uma pessoa infectada (chamado via fecal-oral). Essa disseminação geralmente ocorre devido à má higiene; por exemplo, quando a pessoa infectada prepara alimentos sem lavar as mãos. Mariscos pescados de águas que recebem saídas de esgoto não tratado às vezes se contaminam e podem provocar infecção quando são ingeridos crus", detalha o guia médico.
Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses.
"A infecção pelo vírus da Hepatite A (HAV) pode ser assintomática, subclínica ou provocar um quadro agudo, quase sempre autolimitado, associado a fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, seguidos de sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A presença de urina escura (colúria) pode ocorrer inicialmente, e o infectado pode, ainda, apresentar pele e olhos amarelados [icterícia]", acrescenta o boletim do Cievs.
O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue que detecta anticorpos anti-HAV.
Não existe tratamento específico para hepatite A. Recomenda-se apenas evitar a ingestão de bebidas alcoólicas para não danificar mais ainda o fígado durante a infecção.
Prevenção
A vacinação de rotina contra a hepatite A é feita em crianças dos 12 meses até os 2 anos.
"A vacina de hepatite A inativada provou estar entre as mais imunogênicas, seguras e bem toleradas. Aproximadamente 100% das pessoas desenvolvem níveis protetores de anticorpos contra o vírus no prazo de um mês após uma única dose da vacina", afirma a secretaria.
Algumas pessoas com condições clínicas específicas também podem ser imunizadas na rede pública, independentemente da idade.
São elas: portadores de hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive portadores do HCV (vírus da hepatite C); portadores crônicos do HBV (vírus da hepatite B); indivíduos com coagulopatias; pacientes com HIV/aids; com imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora; com doenças de depósito; portadores de fibrose cística (mucoviscidose); de trissomias; candidatos a transplante de órgão sólido (cadastrados em programas de transplantes); transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea); cadastrados em programas de transplantes; e indivíduos com hemoglobinopatias.