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Beber até duas cervejas por dia não aumenta risco de morte, conclui estudo

Pesquisadores atualizaram dados de 107 trabalhos científicos que envolveram mais de 4,8 milhões de pessoas

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Estudo chama atenção para efeitos mais prejudiciais do álcool em mulheres
Estudo chama atenção para efeitos mais prejudiciais do álcool em mulheres

Uma ampla e atualizada revisão de estudos científicos, publicada no JAMA Network Open, da Associação Médica Americana, nesta sexta-feira (31), concluiu que ingerir quantidades baixas ou moderadas de álcool diariamente não aumenta o risco de morte por todas as causas entre homens e mulheres.

Por outro lado, os pesquisadores verificaram que se o consumo for alto, principalmente para mulheres, aumenta-se também a probabilidade de morte por diversas doenças.

Os pesquisadores consideraram os seguintes grupos:

• abstêmios (pessoas que nunca ingerem álcool);


• indivíduos que bebem ocasionalmente (menos de 9,1 g por semana);

• indivíduos que bebem pouco (1,3 g a 24 g por dia);


• indivíduos que bebem moderadamente (de 25 g a 44 g por dia);

• indivíduos que bebem volumes elevados (45 g a 64 g por dia);


• indivíduos que bebem em grande quantidade (acima de 65 g por dia).

As comparações foram feitas entre o grupo que nunca ingeriu álcool e aqueles que bebiam.

Para se ter ideia, uma lata de cerveja (350 ml) com teor alcoólico de 5% tem em torno de 14 g de álcool, quantidade semelhante a uma taça de vinho (90 ml) com teor alcoólico de 12,5%.

Cachaça, vodca, gin ou uísque, por exemplo, têm em torno de 25 g por dose (30 ml).

Dessa forma, entende-se como consumo moderado em torno de duas latas de cerveja ou duas taças de vinho ou ainda uma dose e meia de destilado por dia.

A quantidade de álcool segura é tema de muitos estudos científicos, que nem sempre chegam à mesma conclusão.

Há trabalhos que sugerem que qualquer dose aumenta o risco de problemas de saúde.

O artigo publicado no JAMA Network Open hoje utiliza métodos aprimorados de compilação e avaliação qualitativa de dados.

Os pesquisadores revisaram 107 estudos prévios que abordavam a relação entre o consumo de álcool e todas as causas de mortalidade, que incluíam mais de 4,8 milhões de pessoas, publicados entre 1980 e julho de 2021.

O grupo também teve o cuidado de calibrar possíveis vieses dos estudos, como pessoas que já beberam muito na vida, mas não bebiam mais no momento da pesquisa — nesses indivíduos, os efeitos nocivos do álcool em excesso no passado podem ter impacto na mortalidade.

"No modelo totalmente ajustado, houve um aumento não significativo do risco de mortalidade por todas as causas entre os que bebiam de 25 g a 44 g por dia e aumento significativo do risco para os que bebiam de 45 g a 64 g e 65 g ou mais por dia", escrevem os pesquisadores no artigo.

Os riscos maiores do abuso de álcool entre mulheres — já conhecidos previamente — foram percebidos no estudo.

"Nosso estudo também encontrou diferenças entre os sexos no risco de mortalidade por todas as causas. Um maior risco de mortalidade por todas as causas para as mulheres do que para os homens foi observado ao beber 25 g ou mais por dia, incluindo um aumento significativo no risco de consumo de nível médio para as mulheres que não foi observado para os homens", observam os autores. 

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