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Brasil ainda não saiu da primeira onda de covid. Entenda

Comportamento da pandemia varia de acordo com o país, mas não houve queda suficiente de casos e mortes que possa caracterizar nova fase

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Alta ou queda de casos não significa necessariamente uma segunda onda
Alta ou queda de casos não significa necessariamente uma segunda onda

Nos últimos dias, o debate sobre uma possível segunda onda da covid-19 no Brasil ganhou espaço no meio político e nos meios de comunicação. No entanto, não há como isso ocorrer, pelo simples fato de o país ainda enfrentar a primeira onda.

Primeiramente, é preciso entender o que são ondas ou fases de uma pandemia.

O epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, explica que sempre se usa a pandemia da gripe espanhola, em 1918, como uma referência.

"De modo geral, nós sempre associamos a questão das fases à pandemia de 1918, mas temos que lembrar que naquela ocasião foi por influenza [H1N1]", afirma, ressaltando que a segunda onda naquela ocasião teve o surgimento de uma nova cepa do vírus.

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Ainda assim, as três fases daquela pandemia foram caracterizadas por picos de casos seguidos de quedas, que parecem vales ao serem exibidos em gráficos.

"Se esse aumento [de novos casos e óbitos] não tiver sido precedido por um vale profundo, infelizmente, o que vocês estão achando que seria uma onda, na verdade, são rebotes ou recrudescências da mesma onda. Ou seja, nós ainda não saímos da primeira", explica o epidemiologista.

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Leia também: As lições da segunda onda de covid-19 na Europa para os países que ainda não saíram da primeira

Na Espanha, um dos países europeus mais afetados pela covid-19 no começo do ano, os casos e mortes chegaram a patamares baixíssimos entre maio e julho, mas voltaram a subir a partir de agosto, atingindo um pico superior ao da primeira onda.

"Para considerar uma segunda onda, eu preciso olhar este padrão, tem que ter um pico, um vale e por assim vai", ressalta Oliveira.

Ele acrescenta que é preciso observar o espaço de tempo entre um pico e outro, além de uma diferença superior a 60% do número de casos no período, para considerar que a pandemia está em uma nova fase.

No gráfico abaixo, que compara os casos diários na Espanha e no Brasil, é possível perceber a diferença.

Gráfico mostra novos casos diários na Espanha (vermelho) e no Brasil (azul)
Gráfico mostra novos casos diários na Espanha (vermelho) e no Brasil (azul)

Infectologistas ouvidos pelo R7 avaliam que o aumento de novos casos percebido nos últimos dias no Brasil não pode, então, ser visto como uma segunda onda, mas, talvez, um novo pico de infecções dentro da primeira.

A principal razão, apontam os médicos, é que pessoas — principalmente das classes A e B — que respeitaram as regras de isolamento social para se prevenir desde março começaram a relaxar diante da queda de casos e retomada mais consistente das atividades econômicas.

O ideal para o Brasil, se houver uma queda significativa do número de infectados, avalia o ex-secretário, é que chegue a patamares como os registrados na Europa.

Seria nessa "janela de oportunidade" que o país poderia ter o início da vacinação, antes de uma possível segunda onda.

Leia também: Sem vacina até março, Brasil pode passar pelo que Europa vive hoje

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