Câncer: vacina personalizada com DNA de pacientes tem resultado promissor na Inglaterra
Centro de pesquisa inglês fez ensaio clínico com pessoas diagnosticadas com câncer de cabeça e pescoço; tumores não reapareceram após meses de tratamento
Saúde|Do R7
Uma das maiores buscas da ciência médica é encontrar a cura do câncer, e de tempos em tempos aparecem novas técnicas e tratamentos para ajudar os pacientes que sofrem com tumores. Na Inglaterra, o Clatterbridge Cancer Center, um dos principais centros de pesquisa médica ingleses, anunciou resultados iniciais promissores de uma vacina contra a doença feita com base no DNA dos próprios doentes.
O imunizante, chamadoTG4050, foi desenvolvido pela farmacêutica francesa Trangene e usa a mesma tecnologia aplicada na produção da vacina anti-Covidda AstraZeneca.
O DNA do tumor de um paciente é cortado e unido a um vírus inativado, e assim se forma um microrganismo geneticamente modificado. Esse agente é injetado no corpo da pessoa com câncer, com o objetivo de estimular o sistema imunológico dela, de modo a induzir uma resposta das células T – tipo de linfócito, células de defesa do sistema imunológico presentes no sangue – para reconhecimento e destruição das partículas tumorais.
Os médicos ressaltam que as células cancerígenas são destruídas em um estágio inicial, antes mesmo que haja a formação de um nódulo. Com isso, diminui a probabilidade de o paciente voltar a ter o câncer.
"O sistema imunológico pode ver coisas que não podemos ver em exames. É muito mais inteligente que os seres humanos. Se pudermos treinar o sistema imunológico para escolher as células que, de outra forma, levariam a uma recaída em um momento em que nem podemos vê-las, as chances de sobrevivência a longo prazo para nossos pacientes são muito maiores”, explicou Christian Ottensmeier, professor da Universidade de Liverpool e diretor de pesquisa do Clatterbridge Cancer Center, ao canal de TV britânico SkyNews.
Os ensaios clínicos iniciais foram feitos com dois grupos de oito pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Nenhum dos pacientes que receberam a vacina teve recaída, mesmo após meses do tratamento. No entanto, o câncer reapareceu em dois dos oito indivíduos que não haviam sido imunizados.
O tamanho da amostra é muito pequeno para que se tirem conclusões estatísticas significativas, porém Ottensmeier se diz "cautelosamente otimista". Na referida entrevista, ele comemorou: "Estou bastante animado com isso. Todos os dados estão apontando na direção certa".
Outros estudos clínicos com o imunizante TG4050 estão sendo feitos na França e nos Estados Unidos com pacientes diagnosticados com câncer de ovário. Também são ensaios com poucas pessoas, mas já apresentam resultados promissores.
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