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Causado 90% por cigarro, enfisema é subdiagnosticado

Dia Mundial da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ocorre sempre na 3ª quarta-feira de novembro com o objetivo de informar sobre o tema

Saúde|Do R7

DPOC obstrui as vias aéreas e pode ser incapacitante
DPOC obstrui as vias aéreas e pode ser incapacitante

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que inclui os diagnósticos de enfisema pulmonar e bronquite crônica, como o próprio nome diz, obstrui as vias aéreas, o que dificulta a respiração. O hábito de fumar é a principal razão para o problema, que a partir desse ano será a terceira causa de morte em todo o mundo, de acordo com estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo o pneumologista Flávio Arbex, doutor em pneumologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e professor dessa disciplina na Uniara (Universidade de Araraquara), 90% dos casos de DPOC no Brasil são causados pelo tabagismo. Mas também existem fatores ambientais e genéticos envolvidos.

Ele afirma que pessoas acima dos 40 anos são as mais atingidas pela doença. "É muito comum a pessoa que fuma ter aquele pigarro típico e pensar que não é nada, mas pode ser um sinal de DPOC", destaca.

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Os sintomas ainda incluem falta de ar ao fazer esforços, tosse com secreções - que piora pela manhã - , chiado no peito e as chamadas exacerbações, quando esses sinais se apresentam de maneira mais forte.

"Com a evolução da doença, a pessoa vai se limitando cada vez mais e deixando de fazer as coisas por conta da falta de ar. Até chegar ao ponto em que ela nem sai mais de casa", observa o especialista.


Arbex chama atenção para o fato de que muitos indivíduos têm a doença, mas não sabem, como mostrou o Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar (PLATINO). O estudo envolveu 1000 habitantes da cidade de São Paulo: 15% tinham DPOC e, dentre eles, 87% não sabiam.

O costume de subestimar possíveis sintomas e a não realização da espirometria, exame que serve para identificar a doença são as razões apontadas pelo pneumologista para essa situação.


"O subdiagnóstico é um problema. Ele [exame] é menos pedido do que deveria", analisa. "Hoje mesmo eu fiz o diagnóstico em um paciente de 77 anos que cansa para tomar banho. Ele nunca tinha feito uma espirometria", exemplifica.

A análise permite medir a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira. "Eu peço para a pessoa encher o peito de ar e expirar. Se a pessoa tem dificuldade de colocar o ar para fora, ela possui uma doença pulmonar obstrutiva", descreve.

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Sobre a projeção feita pela OMS de que a DPOC se tornará a terceira causa de morte a partir deste ano, Arbex explica que isso deve acontecer porque o surgimento dos sintomas é demorado e as consequências da doença são vivenciadas a longo prazo.

"Essa é uma doença prolongada. Você pode conviver com ela por 10, 20, 30 anos. Estamos pegando as sequelas de quem começou a fumar lá atrás, como foi o caso de muitas mulheres na década de 80", esclarece.

O tratamento é feito com medicamentos que melhoram a falta de ar, reabilitação pulmonar e oxigenioterapia a depender da gravidade da doença. "Mas o principal é parar de fumar", enfatiza Arbex. Ele acrescenta que pacientes com DPOC devem manter em dia as vacinas contra o vírus influenza e a bactéria conhecida como pneumococo, pois pneumonia e gripe contribuem para a piora do quadro clínico.

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