Caxumba também afeta adultos, como aconteceu com Geraldo Luís
Apresentador foi diagnosticado no último domingo (4); doença se manisfesta por dez dias e exige repouso e isolamento, pois é altamente contagiosa
Saúde|Gabriela Lisbôa, do R7
A caxumba também afeta adultos, como aconteceu com Geraldo Luís.
Depois de comandar o Domingo Show no último domingo (4), o apresentador da RecordTV foi para casa e ouviu do filho que seu rosto estava diferente. "Está parecido com o Kiko do Chaves piorado".
“Achei que era brincadeira. Não era. Aumentou o volume na pele, fiquei muito preocupado", escreveu o apresentador em suas redes sociais.
Depois de conversar com um médico e ser atendido em uma emergência durante a madrugada, ele recebeu o diagnóstico: caxumba.
"Caxumba depois de velho? ”, escreveu Geraldo.
O apresentador, agora, está fazendo tratamento em casa, isolado, já que a doença é altamente contagiosa. Por causa disso, além da medicação, até melhorar ele também vai ter que usar uma máscara.
Caxumba em adultos
A médica infectologista do Centro de Imunização do Hospital das Clínicas da USP, Amanda Nazareth Lara, explica que a doença costuma ser mais comum em crianças porque a chance de elas já terem entrado em contato com o vírus e criado anticorpos é menor.
“Adultos têm mais chance de estarem protegidos porque é provável que tenham entrado em contato com o vírus de alguma forma ao longo da vida. É difícil, mas pode acontecer de uma pessoa não ter criado anticorpos e, desta forma, ficar doente”, explica a médica.
A caxumba em adultos pode ser mais grave do que nas crianças porque a possibilidade de complicações é maior, embora esses casos sejam considerados raros, a doença pode evoluir e o vírus pode provocar inflamações em outros lugares do corpo, como os testículos e os ovários.
Em casos mais extremos, o vírus pode ir para a corrente sanguínea e causar meningite.
Casos em São Paulo
O número de casos de caxumba em São Paulo está diminuindo. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, no ano passado, 1.670 pessoas foram infectadas com a caxumba. Em 2016, o número de casos registrados chegou a 7.360.
Na capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, não há surtos de caxumba no momento. Mas, do início do ano até o dia 24 de fevereiro, foram notificados dois surtos de caxumba, com um total de 8 casos.
O número é bem inferior ao total de casos registrados no mesmo período do ano passado, quando ocorreram 23 surtos e 98 pessoas ficaram doentes.
A caxumba não é uma doença de notificação compulsória, ou seja, as pessoas não são obrigadas a comunicar o governo quando estão doentes. Essa obrigação só acontece quando o surto é registrado em uma escola ou algum outro tipo de instituição fechada. Por causa disso, o número de pessoas que pegaram caxumba nos últimos meses pode ser maior.
Surtos na região Sul do Brasil
No ano passado, a região sul do Brasil chamou atenção pelo número de casos, principalmente o estado do Paraná. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde do Paraná, durante todo o ano, foram registrados 17 surtos nos municípios de Ponta Grossa, Rio Negro, Araucária, Turvo, Nova Laranjeiras, União da Vitória, Francisco Beltrão, Londrina, Ortigueira e Cândido de Abreu.
Ao todo, 323 pessoas ficaram doentes. Destas, 202 eram vacinadas, o que representa 62,5% dos casos.
Entre os pacientes está o biólogo Rafael Marques. Vacinado quando criança, ele pegou a doença aos 30 anos, assim como muitos colegas de trabalho. “Fui informado na emergência que havia um tipo diferente de vírus circulando”, conta.
Em 2007, o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, chegou a identificar um novo subtipo do vírus da caxumba. Mas, de acordo com pesquisas realizadas na época, ele poderia ser combatido pela vacina.
Vacina contra caxumba
A vacina que previne a caxumba é a tríplice viral, a mesma do sarampo e da rubéola. Ela deve ser aplicada em duas doses a partir dos 12 meses de idade, com intervalo mínimo de 30 dias.
Quem tomou apenas uma dose deve tomar a segunda, independentemente da idade. Não é necessário tomar a primeira novamente.
O Ministério da Saúde recomenda que crianças acima de 4 anos, adolescentes e adultos até 29 anos que ainda não foram vacinados contra a caxumba tomem duas doses de tríplice viral. Adultos entre 30 e 49 anos devem tomar uma dose da mesma vacina.
Grávidas não podem se vacinar contra caxumba. Como a dose da vacina é feita com o vírus atenuado, pode causar problemas de má-formação no feto, segundo a infectologista.
Quem não se lembra se tomou a vacina quando criança, pode tomar mais uma vez.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização, a eficácia da vacina em pessoas que tomaram as duas doses pode variar entre 80% e 90%.
Amanda explica que é possível que, durante um surto, uma pessoa que tomou as duas doses da vacina seja infectada pelo vírus da caxumba, mas isso é extremamente raro. Da mesma forma, é muito difícil que quem já teve a doença tenha mais uma vez.
Sintomas e tratamento
Como acontece com a maioria das doenças virais, não existe um tratamento específico para caxumba, apenas medicamentos para controlar a dor e diminuir a febre. Os sintomas são inchaço das glândulas salivares, que estão localizadas abaixo da mandíbula, febre, mal-estar e dores musculares.
Algumas pessoas pensam que se pode pegar caxumba de um lado e depois do outro. Mas não é desta forma que a doença se manifesta. O vírus entra no organismo e causa uma inflamação. O inchaço pode variar de uma pessoa para a outra ou acontecer só de um lado. De acordo com a infectologista, isso não significa que o paciente possa pegar caxumba "no outro lado" depois.
A principal indicação médica é o repouso absoluto.
Também é importante evitar alimentos que estimulem a produção de saliva, como os mais ácidos e que exigem muita mastigação. De acordo com a infectologista, a caxumba provoca infecção em uma glândula chamada parótida, responsável pela produção de saliva. Enquanto estiver doente, esta glândula precisa descansar.
Como é uma doença altamente infecciosa, ou seja, passa de uma pessoa para a outra com facilidade, através das vias respiratórias e da saliva, os infectados devem ser isolados durante o tratamento. O uso de máscaras, como a do Geraldo Luís, é recomendado para evitar o contágio. A doença fica incupada por até duas semanas e se manifesta durante cerca de dez dias.
Em seu perfil no Instagram, o apresentador agradeceu as mensagens de carinho recebidas e contou que saiu do hospital nesta segunda-feira (5) para ficar de repouso em casa.