Cientista de MG cria queijo frescal que ajuda na prevenção e tratamento de doença intestinal
Alimento funcional inclui uma bactéria probiótica que havia se mostrado benéfica contra a colite ulcerativa
Saúde|Do R7
Uma pesquisadora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) desenvolveu um queijo minas frescal potencialmente capaz de ajudar pessoas que sofrem de colite ulcerativa, uma doença inflamatória que afeta o cólon e o intestino grosso e cujos sintomas incluem dor abdominal e sangramento retal.
O projeto da bióloga Bárbara Cordeiro faz parte de uma pesquisa de doutorado em inovação biofarmacêutica, no Laboratório de Genética Celular e Molecular do Instituto de Ciências Biológicas. O trabalho foi eleito o melhor do programa de pós-graduação em inovação tecnológica da UFMG.
A técnica envolve a adição no queijo da Lactococcus lactis NCDO 2118, uma bactéria probiótica que se mostrou promissora no combate e tratamento de quadros graves da colite ulcerativa em camundongos.
O Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento descreve a colite ulcerativa como "uma doença intestinal inflamatória crônica em que o intestino grosso (cólon) fica inflamado e ulcerado (com perfuração ou erosão), causando exacerbações (ataques ou crises) de diarreia com sangue, cólicas abdominais e febre".
Ainda segundo o guia médico, "o risco de longo prazo de ter câncer de cólon é maior em comparação com pessoas que não têm colite ulcerativa".
As causas da doença são desconhecidas, e o diagnóstico é feito por exames como sigmoidoscopia ou colonoscopia.
Os tratamentos envolvem o controle da inflamação intestinal, algo em que a Lactococcus lactis já tem evidências positivas de atuação.
Um estudo de 2014, publicado na revista científica Gut Pathogens, relacionou o probiótico "a uma forma mais branda de colite recorrente do que a observada em camundongos doentes" usados na comparação.
"Nossa intenção principal é tratar a crise: quando o paciente tiver os sintomas, a ideia é que ele consuma o queijo, a fim de diminuir as dores ocasionadas pela inflamação ou até mesmo encurtar o tempo dos sintomas", contou Bárbara, em comunicado divulgado pela UFMG.
Ela acrescenta que os animais usados no estudo "apresentaram melhora significativa em todos os parâmetros da doença, por vezes se assemelhando, em alguns indicadores, aos padrões de um animal não doente".
Agora, os resultados positivos vão servir para buscar empresas parceiras na produção do alimento em larga escala.
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