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Cientistas chineses previram há um ano nova epidemia de coronavírus

Pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan ressaltaram a importância de se estudar profundamente esse tipo de vírus nos morcegos

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Novo vírus provoca epidemia que já infectou mais de 28 mil pessoas na China
Novo vírus provoca epidemia que já infectou mais de 28 mil pessoas na China

Cientistas chineses do Instituto de Virologia Wuhan e da Universidade da Academia Chinesa de Ciências publicaram um artigo em 2 de março de 2019 em que previam o surgimento de um novo surto de coronavírus no país.

Curiosamente, a cidade de Wuhan, sede do instituto, foi o epicentro da epidemia atual de um novo coronavírus (nomeado provisoriamente como 2019-nCoV).

Desde o começo de dezembro de 2019, mais de 28 mil pessoas na China já foram infectadas pelo vírus, sendo que ao menos 560 delas morreram.

Intitulado "Coronavírus de morcego na China", o documento foi publicado na revista científica Virusese cita duas epidemias anteriores provocadas por esse tipo de vírus no país.


"Quinze anos após o primeiro coronavírus humano altamente patogênico causar o surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV), outro coronavírus da síndrome da diarreia aguda grave (SADS-CoV) devastou a produção de gado, causando doenças fatais em porcos. Ambos os surtos começaram na China e foram causados por coronavírus originados em morcegos."

Os cientistas apontam algumas razões para os coronavírus afetarem mais a China.


"A China é o terceiro maior território e também é a nação mais populosa do mundo. Uma vasta terra natal e diversos climas trazem grande biodiversidade, incluindo a de morcegos e vírus transmitidos por morcegos - a maioria das espécies de coronavírus foi nomeada por cientistas chineses que estudam morcegos locais ou outros mamíferos. A maioria dos CoVs pode ser encontrada na China. Além disso, a maioria dos hospedeiros morcegos desses CoVs vive perto de seres humanos, potencialmente transmitindo vírus para seres humanos e animais. A cultura alimentar chinesa sustenta que os animais abatidos vivos são mais nutritivos e essa crença pode aumentar a transmissão viral."

Algumas das primeiras pessoas infectadas pelo 2019-nCoV tinham relação com um mercado de frutos do mar e animais selvagens na cidade de Wuhan.


No entanto, ainda não há certeza se o vírus saiu apenas de lá ou de múltiplos locais na cidade — 33 das 585 amostras coletadas no mercado testaram positivo para o 2019-nCoV. 

Mercado onde pode ter originado a epidemia
Mercado onde pode ter originado a epidemia

"Entre as 33 amostras positivas, 31 foram recolhidas na zona oeste do mercado, onde se concentravam as tendas que vendiam animais selvagens. O resultado indica que o surto do novo coronavírus está altamente relacionado com o comércio de animais selvagens", informou a agência de notícias estatal Xinhua, no fim de janeiro. 

Leia também: Sopa de morcego pode ter relação com surto de coronavírus na China

Coronavírus transmitidos a partir de morcegos para camelos ou dromedários, na Arábia Saudita, e depois para humanos causaram a MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), em 2012. O MERS-CoV infectou 2.249 pessoas e teve uma taxa de letalidade de 35,5%.

No caso da SARS, morcegos infectaram felinos selvagens (civetas), que transmitiram o vírus para os humanos. 

Após diversos argumentos técnicos, os pesquisadores concluem que "é altamente provável que futuros surtos de coronavírus tipo SARS ou MERS se originem de morcegos, e há uma probabilidade maior de que isso ocorra na China. Portanto, a investigação de coronavírus de morcego se torna uma questão urgente para a detecção de sinais de alerta precoce, o que minimiza o impacto de futuros surtos na China".

Wuhan está isolada desde o dia 23 de janeiro
Wuhan está isolada desde o dia 23 de janeiro

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