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Cólicas menstruais intensas podem ser sintoma de endometriose

Campanha Março Amarelo destaca a importância do diagnóstico precoce para a doença, que pode impactar diretamente a qualidade de vida das mulheres e causar infertilidade

Saúde|Hysa Conrado, do R7

Dores intensas na região pélvica podem indicar um quadro de endometriose
Dores intensas na região pélvica podem indicar um quadro de endometriose

Cólicas menstruais intensas, que demandam idas ao pronto-socorro e remédios fortes para aplacar a dor, não devem ser encaradas apenas como um mal-estar comum do ciclo menstrual. Elas podem ser um dos sintomas da endometriose, doença que acomete mais de 7 milhões de mulheres no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. 

O ginecologista Rogério Felizi, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que a falta do diagnóstico impede o tratamento adequado para a doença, o que impacta significativamente a qualidade de vida das mulheres que estão em idade reprodutiva. 

“Dor não é normal. Algumas mulheres sentem dor desde muito cedo e passam às vezes a vida toda e não são diagnosticadas. Existem estudos que mostram que o tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico correto da endometriose pode variar de 8 a 12 anos, então o tratamento acaba sendo muito tardio”, destaca o médico.

O que causa a endometriose?

A endometriose acontece quando o tecido endometrial, que reveste o útero internamente, se espalha para outras regiões, geralmente atrás do útero, na bexiga, nos ovários e no intestino, o que pode provocar também, além das cólicas, o comprometimento das funções desempenhadas por esses órgãos.


Segundo o ginecologista, a teoria mais aceita sobre a causa da doença é a da menstruação retrógrada, na qual ocorre um refluxo do tecido endometrial que seria eliminado por via menstrual.

“Acredita-se que uma parte desse tecido reflui por meio das tubas uterinas e acaba caindo dentro do abdômen, e aderindo aos órgãos abdominais internos iniciando o processo inflamatório, que vai ocorrendo mensalmente a partir do início da menstruação”, explica Felizi.


Como prevenir

Não é possível prevenir a endometriose, mas o diagnóstico precoce pode permitir que a doença seja controlada, fazendo com que a dor não impacte a vida da paciente. Além disso, o médico destaca que fatores como alimentação e obesidade podem colaborar para a piora do quadro.

“Alguns alimentos chamados inflamatórios, como farinha branca e açúcar, podem intensificar a dor associada à endometriose. Outra coisa é que obesidade geralmente está associada a níveis elevados de estrogênio no sangue da mulher, e isso aumenta o risco da endometriose se desenvolver de forma mais rápida”, explica.


Desta forma, manter uma alimentação saudável, inserir a prática de atividade física no dia a dia e fazer os exames ginecológicos de rotina pode evitar que a doença chegue a estágios mais avançados. 

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Por outro lado, uma endometriose não diagnosticada e não tratada corretamente pode interferir de forma significativa na vida da mulher, provocando dores intensas e até mesmo um comprometimento da saúde mental em vista do desconforto causado. 

Entre os sintomas da doença estão, além da cólica, dor pélvica crônica – que se estende por mais de seis meses – dor durante a relação sexual e dor para urinar ou defecar. 

Endometriose pode causar infertilidade
Endometriose pode causar infertilidade

“A mulher também pode ter prejuízo da função reprodutiva, porque o próprio processo inflamatório causado pela endometriose torna o ambiente pélvico impróprio para uma gravidez, o que dificultaria o processo de gestação, tanto que é a principal causa de infertilidade nos países desenvolvidos”, explica o ginecologista.

Vale ressaltar, no entanto, que a endometriose afeta a fertilidade e dificulta o processo para uma mulher engravidar, mas não torna a gravidez de risco. “A partir do momento que ela engravidou, a gestação transcorre de forma normal”, afirma Felizi.

Como a doença é caracterizada pela presença do tecido endometrial fora da cavidade uterina, principalmente na região do abdômen, também é comum que as funções do sistema gastrointestinal e do sistema geniturinário fiquem comprometidas, o que pode agravar ainda mais o quadro.

“Desde que diagnosticada precocemente e tratada, a mulher pode viver completamente bem com a endometriose. O que não pode é ela sentir dor por anos, tendo sintomas de infertilidade que não são tratados, e isso levar aos quadros mais severos da doença”, ressalta o especialista.

Tratamentos

A endometriose pode ser tratada de forma medicamentosa ou cirúrgica, conforme explica o ginecologista. O foco, independentemente da forma, é aliviar a dor causada pela doença e melhorar a qualidade de vida da paciente. Os medicamentos podem ser desde analgésicos e anti-inflamatórios, a uso de contraceptivos.

“Existem alguns estudos mostrando que aquelas mulheres que tomam contraceptivo oral e contínuo, têm menos cólicas menstruais porque elas ficam sem menstruar. Especula-se muito em relação ao uso desses medicamentos para melhorar a endometriose ou impedir sua evolução, mas ainda não existe uma comprovação científica.”, explica Felizi.

Apesar de a medicação ser uma grande aliada para reduzir a força dos sintomas, o tratamento mais efetivo para a endometriose, segundo o especialista, é a cirurgia para remoção do tecido endometrial que se espalhou para as outras regiões.

“O objetivo da cirurgia é remover as lesões de endometriose, tirar aquele tecido inflamado que está dentro da cavidade, e isso proporciona melhora da dor e da qualidade de vida. Antigamente se cauterizavam as lesões, hoje não é recomendado porque elas podem continuar crescendo”, destaca o ginecologista.

Além disso, durante a menopausa, caracterizada pela última menstruação da mulher, os sintomas da endometriose também costumam ficar mais brandos e podem apresentar uma melhora significativa.

“A menopausa é praticamente a cura da endometriose, porque a ausência dos hormônios femininos para de estimular as células endometriais e consequentemente essas lesões tendem a murchar e desaparecer”, explica o especialista.

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