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Com vacinação, nº de mortes por covid no Brasil cai 65% em 100 dias

Neste período, parcela da população acima de 18 anos com ao menos uma dose de vacina saltou de 26% para 82%

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Quase 40% da população adulta brasileira está com esquema vacinal completo
Quase 40% da população adulta brasileira está com esquema vacinal completo Quase 40% da população adulta brasileira está com esquema vacinal completo

A média de mortes diárias por covid-19 caiu 65% no Brasil nos últimos 100 dias, período em que a cobertura vacinal de adultos praticamente triplicou.

Em 22 de maio, o país tinha 26,1% das pessoas maiores de 18 anos com ao menos uma dose de imunizante; 18,8% possuíam o esquema completo. Na mesma data, a média de óbitos era de 1.928.

Na segunda-feira (30), o país contabilizava uma média de 675 mortes. A parcela de adultos com ao menos uma dose de vacina era de 82% e quase 40% estavam completamente imunizados.

O cenário começou a melhorar em meados de junho, com uma redução substancial até mesmo do número de novos casos, que eram 65,8 mil em 22 de maio e caíram para 24 mil em 30 de agosto.

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Outro indicador que mostra o efeito positivo da vacinação no país é o de ocupação dos leitos de UTI.

Em maio, 14 unidades da federação estavam em nível crítico de ocupação de leitos de UTI (acima de 80%), outras nove tinham taxas entre 70% e 80%, segundo o Observatório Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

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Agora, 23 estados estão com menos de 60% destes leitos ocupados, em um patamar considerado baixo.

Para a médica Mônica Levi, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), as reduções de casos, hospitalizações e mortes deixam evidente que a vacinação está surtindo efeito no Brasil.

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"Apesar do que o Brasil sofreu com essa pandemia, e ainda sofre, por falta de coordenação central, a gente está indo em frente e diminuindo os óbitos progressivamente. [...] Eu estou otimista porque o Brasil está mostrando que sabe vacinar. Uma média de 2 milhões de vacinados por dia é muito alta. E o Brasil tinha mesmo capacidade para isso, mas não tinha vacina. Ficamos nessa instabilidade de planejamento, mas já estava previsto que o segundo semestre iria ser diferente."

O Ministério da Saúde prevê que toda a população com 18 anos ou mais esteja com ao menos uma dose de vacina até o fim de setembro e com o esquema completo até novembro. 

"Eu acho que a vacinação é uma mudança de cenário muito significativa", afirma a pesquisadora Margareth Portela, do Observatório Covid-19 da Fiocruz.

Na avaliação dela, "o pior parece já ter passado", mas o momento ainda exige cautela.

"Essa hipótese de um novo grande alastramento seria a derrota da vacina, o que eu acho que não é o que está dado. Mas isso não quer dizer que as pessoas com a vacina possam se sentir completamente protegidas e negligenciem os outros cuidados. O fato de estar vacinada não quer dizer que esteja livre, posso ainda contrair e transmitir o vírus."

A preocupação de especialistas envolve, principalmente, a disseminação da variante Delta do coronavírus no país, no momento em que boa parte da população ainda não tomou a segunda dose — esta cepa tem potencial de causar doença grave em pessoas parcialmente imunizadas.

Além daqueles que aguardam a data para tomar a segunda dose, o Brasil tem cerca de 8,5 milhões de pessoas que tomaram a primeira injeção e não retornaram para a segunda

A diretora da SBIm ressalta que países como Reino Unido e Israel, que iniciaram suas reaberturas em um patamar de cobertura vacinal maior do que o Brasil, tiveram um aumento de novos casos de covid-19 com a variante Delta, mas que não se refletiu da mesma forma em internações e mortes.

"Mesmo num cenário de variantes, as vacinas ainda têm uma proteção muito boa para mortalidade e formas graves. A gente está até em um cenário de atenção neste momento porque temos uma disseminação da variante Delta no Rio de Janeiro e deve tomar conta de outros locais no Brasil também. Ela não é predominante no Brasil ainda, mas deverá ser."

Reforço em idosos

Ministério autorizou reforço em pessoas acima de 70 anos
Ministério autorizou reforço em pessoas acima de 70 anos Ministério autorizou reforço em pessoas acima de 70 anos

Grupo mais afetado pela covid-19, os idosos acima de 70 anos vacinados há mais de seis meses receberão uma dose de reforço da Pfizer a partir de 15 de setembro. Ao todo, cerca de 14 milhões de brasileiros estão elegíveis. 

O anúncio do Ministério da Saúde ocorreu no momento em que estados como São Paulo e Rio de Janeiro já constatavam uma interrupção da queda de hospitalizações neste grupo

"Os estudos e mais os dados de vida real estão mostrando que os idosos depois de seis meses têm uma queda do nível de anticorpos e da proteção clínica. Por isso, essa população merece mesmo receber um reforço. Eles são, de longe, muito mais vulneráveis a formas mais graves e mortes", pontua a diretora da SBIm. 

Margareth acrescenta que o desafio dos gestores nos próximos meses será concluir a vacinação dos que ainda precisam, garantir o reforço dos idosos e a terceira dose dos imunossuprimidos, além de iniciar a vacinação em adolescentes de 12 a 17 anos.

Ela se diz contra a expansão das doses de reforço para outras pessoas.

"É muito possível, pelas características do vírus e da doença, que todos precisem do reforço no futuro. Mas neste momento quem está precisando realmente é o grupo que foi definido, são os que têm mais de 70 anos. Não vejo motivo para um profissional de saúde de 40 anos, por exemplo, receber reforço agora."

Futuro

Movimentação no bairro da Vila Madalena, em São Paulo
Movimentação no bairro da Vila Madalena, em São Paulo Movimentação no bairro da Vila Madalena, em São Paulo

Embora a covid-19 ainda seja uma ameaça global, o aumento da cobertura vacinal deve fazer com que o pior da pandemia fique no passado aqui no Brasil, afirma a pesquisadora da Fiocruz.

"A gente tem observado queda, o que não quer dizer que não possa haver uma reversão a qualquer momento. Nós ainda não vencemos a guerra, estamos vencendo batalhas. Ainda tem que prestar atenção nos próximos acontecimentos. Eu hoje digo que para a gente ter de novo o que a gente teve em março, teria que ser uma nova variante que seja refratária à vacina"

Ela diz acreditar ser pouco provável que algo deste tipo ocorra.

Mas para que não haja margem para o surgimento de mutações é preciso diminuir a transmissão do vírus. Isto significa manter medidas como higiene das mãos, uso de máscara e distanciamento físico entre pessoas, afirma Mônica.

"No primeiro ano de uma pandemia, você tem uma forma mais grave, em termos de número, de impacto. Tem uma população totalmente vulnerável. O mundo inteiro está suscetível, e uma doença de alta transmissibilidade faz esse estrago que o coronavírus está fazendo. Mas, a partir de então, não tem motivo para imaginar que ele vai embora. Quando ele não encontra um terreno fértil para se replicar tanto e fazer tantas mutações, a tendência é que ele vire um vírus endêmico, como o vírus influenza."

Margareth destaca ser possível que haja nos próximos anos vacinas mais eficazes a ponto de impactar na transmissão do vírus, mas que continuarão ocorrendo casos.

"Não vamos sair da fase pandêmica para o nada. Vamos sair da fase pandêmica para a fase endêmica, continuaremos tendo casos. Certamente as vacinas vão evoluir para outra geração que talvez seja mais eficaz na questão da transmissão."

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