Como Meghan, uma mulher pode influenciar um homem a se cuidar
Psiquiatra explica que homens costumam não cuidar da saúde, pois estão "voltados para fora", empenhados em confirmar imagem esperada deles
Saúde|Giovanna Borielo, do R7*
Meghan Markle foi responsável por influenciar o príncipe Harry a cuidar da saúde. Devido à sua influência, ele parou de fumar, abandonou o sedentarismo, diminuiu o consumo de carboidratos e passou a incluir alimentos saudáveis em sua dieta, como couve e quinoa.
O príncipe não é uma exceção. Homens têm mais resistência a cuidar da saúde. Segundo o Ministério da Saúde, 31% dos homens não possuem o costume de procurar atendimento médico e a maioria (55%) afirma não procurar médicos porque “nunca precisaram”.
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Segundo o psiquiatra Luiz Cuschnir, coordenador do Gender Group (especializado em conflitos de relacionamento entre homem e mulher) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, a principal razão disso é porque os homens estão voltados “para fora”. “Muitas vezes estão tão empenhados em confirmar a imagem que é esperada deles, que a saúde e os cuidados pessoais podem estar escondidos como valor a ser perseguido ou valorizado”, afirma.
Ele explica que uma mulher é capaz de convencer um homem a mudar seus hábitos de vida, como ocorreu com Meghan e Harry, mas que isso pode representar um nível de dependência mútua. “De alguma maneira a mulher se valoriza assim, mostrando sua importância na vida dele, mas configura um nível de dependência mútua na qual ele é dela nesse aspecto, mas ela pode esperar o reconhecimento desse seu papel na vida dele”, diz.
“Se ele não sabe se cuidar, está em uma atitude infantil consigo mesmo. Ela ali mantendo isso, pode estar alimentando uma distorção do amor maduro entre os dois”, completa.
O que motiva um homem a mudar de hábitos, como adotar uma dieta saudável, parar de fumar e praticar esportes, é a consciência de que precisa ser responsável por si mesmo, segundo o psiquiatra. “A auto-responsabilidade ocorre quando ele amadurece o seu sentido de vida e dá valor ao propósito de estar vivendo esta vida. Mas para isso terá que vencer muitas máscaras escondidas por trás da justificativa de ter os hábitos não-saudáveis culpando tudo que está à sua volta”.
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Existe o mito de que o homem que começa a se cuidar teria encontrado estímulo em uma relação extraconjugal. Para Cuschnir, o encontro de um novo amor pode motivar o questionamento da vida que estava levando e isso repercutir em uma nova abordagem em relação aos cuidados com o corpo. “Pode despertar uma consciência que estava adormecida. No entanto, se não trabalhar isso, pode cair novamente em outro relacionamento, que ao se tornar aprisionador, o adormecerá de novo”, afirma.
O psiquiatra ressalta que homens não funcionam sob pressão. Ameaçar que vai romper o relacionamento caso ele não mude de hábitos, não tende a dar bons resultados. “Ameaça pode funcionar para causar medo, mas, um relacionamento que depende disso não provoca mudanças se não houver a conscientização de que ele estava morrendo para si”, diz.
Cuschnir afirma que uma mulher, como Meghan fez, pode incentivar um homem a cuidar da saúde sem precisar criticá-lo ou ameaçá-lo.
“Ela deve perceber o que está gerando essa ‘morte’ nele, mas que atinge os dois. Rever se estão vivendo uma relação perigosa do ponto de vista de realização de cada um, ou os dois estão lá presos em um relacionamento que implica abandono da verdade que o outro é, da agressividade ou humilhação que desvaloriza o outro e a cada um em si. Enfim, chegar mais perto do que cada um é de verdade e ver se dá par construírem juntos um percurso mais saudável em todos os sentidos”, afirma.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini
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