Conheça a cientista que criou a AstraZeneca e foi aplaudida de pé
Sarah Gilbert, 59, é mãe de trigêmeos e, antes de entrar para a área da saúde, trabalhou em um centro de pesquisa de cerveja
Saúde|Do R7
Nesta semana, o mundo presenciou uma homenagem fora do comum feita à cientista britânica Sarah Gilbert, em plena quadra central de Wimbledon, em Londres, onde acontecem os jogos de uma das principais competições de tênis do mundo. Ela foi aplaudida de pé pelo público.
Gilbert é a pesquisadora responsável pela criação da vacina contra covid-19 AstraZeneca, já aplicada em milhões de indivíduos em diversos países, inclusive no Brasil.
De acordo com declarações de colegas já publicadas pela imprensa britânica, a cientista é uma pessoa conscienciosa, quieta e determinada. Alguém com coragem verdadeira e que não gosta de holofotes. Essas características talvez expliquem melhor a reação de Sarah, em Wimbledon. Ela permaneceu sentada no camarote real da quadra central e parecia não acreditar no que estava acontecendo.
A pesquisadora é vacinologista e professora da Universidade de Oxford, com especialidade no desenvolvimento de imunizantes contra a gripe e patógenos virais emergentes. Desde o surgimento do novo coronavírus, ela está envolvida no desenvolvimento da proteção contra o SARS-CoV-2.
Em entrevista ao programa ITV News Anglia, na Inglaterra, Sarah afirmou: "Sempre quis trabalhar com pesquisa médica e fazer algo que, por meio da ciência e da pesquisa, pudesse melhorar a saúde humana. Estou muita satisfeita por finalmente ter conseguido fazer isso depois de tantos anos de pesquisa."
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A inglesa, de 59 anos, nasceu em Kettering, Northamptonshire. Seu pai trabalhava no ramo de calçados e sua mãe era professora de inglês. Ele é formada em Ciências Biológicas, na Universidade East Anglia e fez doutorado em genética e bioquímica.
Antes de entrar para a área da saúde, ela trabalhou em um centro de pesquisa de cerveja, examinando como manipular a levedura da bebida.
Em 1990, entrou em uma empresa biofarmacêutica que fabricava medicamentos. Depois de vários esforços em pesquisa e empregos intermediários, ela se tornou professora de vacinologia na Universidade de Oxford, em 2004. Em 2010, começou a trabalhar no projeto e na criação de novos imunizantes contra a gripe e a malária.
Gilbert liderou o desenvolvimento do imunizante universal contra a gripe no início de 2011. A vacinação não era convencional, pois não estimulava a produção de anticorpos, mas acionava a produção de células T para lutar contra a gripe.
Ela também liderou o primeiro ensaio de uma vacina contra o ebola em 2014, seguida pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS).
Além do trabalho da universidade britânica, Sarah é cofundadora da Vaccitech, uma empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento de vacinas e imunoterapias para doenças infecciosas, como câncer, hepatite B, HPV e câncer de próstata.
Na vida pessoal, Sarah toca saxofone é mãe de trigêmeos. Os três seguiram os passos da cientista e fizeram faculdade na área de bioquímica. Na entrevista ao canal de TV inglês, ela conta que a experiência materna ajudou na vida acadêmica.
"Se você consegue criar filhos muito pequenos, três na mesma idade, enquanto ainda trabalha em tempo integral e mantém uma carreira, então você sabe que pode fazer coisas difíceis."
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E acrescenta sobre o fato de ser mulher e ter conseguido um feito tão importante: "é muito difícil fazer algo assim, mas as mulheres fazem esse tipo de coisa e acho que devemos permitir que isso nos dê a confiança de que podemos fazer coisas mais difíceis em outras partes da nossa carreira", disse ela.
A criação da AstraZeneca rendeu a Sarah a Medalha Albert, que é concedida anualmente para quem faz uma contribuição positiva para a sociedade. O Stephen Hawking também recebeu a honraria. Além de ter sido premiada com o título de dama real durante as comemorações do aniversário da rainha Elizabeth no começo de junho.