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Contágio de ebola no exterior assusta profissionais de saúde do Brasil

Especialistas reforçam que é preciso conhecer a doença para evitar alarmes falsos

Saúde|Maria Carolina de Ré, do R7

Aeroportos dos EUA e Inglaterra farão exames de calor para tentar evitar a entrada de pacientes infectados por ebola
Aeroportos dos EUA e Inglaterra farão exames de calor para tentar evitar a entrada de pacientes infectados por ebola Aeroportos dos EUA e Inglaterra farão exames de calor para tentar evitar a entrada de pacientes infectados por ebola

A interdição da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento), João Samek, em Foz do Iguaçu (PR), após a suspeita de que um jovem de 22 anos poderia ter ebola, realizada e desfeita em poucas horas na última quinta-feira (16), somada ao caso de uma auxiliar de enfermagem do Samu do Rio Grande do Sul, que negou socorro a um paciente africano com sintomas parecidos com os do ebola, sinalizam que os profissionais da saúde do País estão alarmados com a possibilidade de atenderem pacientes com a doença.

Daniel Knupp, vice-presidente da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade) disse, em entrevista ao  R7, que os casos de contágio envolvendo enfermeiros e médicos na Espanha e nos Estados Unidos podem estar assustando os brasileiros.

— É natural que as pessoas estejam com medo. Enfermeiros e médicos do exterior foram contaminados. Porém, estes casos devem servir como um estímulo para os profissionais daqui aprenderem mais sobre os sintomas e formas de contágio do vírus. Os alarmes falsos estão acontecendo por falta de informação.

Segundo o especialista, o risco do ebola se transformar em uma epidemia no País é mínimo porque a doença só é transmitida pelo contato direto com alguma secreção (sangue, vômito, sêmen,fezes e saliva) de um paciente.E, no caso de um atendimento de saúde, esse contato pode ser facilmente evitado com o uso de luvas, óculos, touca e gorro.

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Imigrantes são hostilizados no PR após suspeita de ebola

O infectologista e coordenador do ambulatório de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Jessé Reis Alves, reforça que o pânico é a pior resposta quando exite a suspeita de ebola.

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— Ninguém tem controle do medo que as pessoas sentem. A informação correta é a única forma de evitarmos esse tipo de reação.

Lembrando o caso da atendente do Samu do Rio Grande do Sul, Alves reforçou que é preciso saber como proceder para combater a desinformação e evitar o “risco de criar uma xenofobia e racismo”.

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Infectologista fala sobre fomas de propagação do vírus:

Suspeita em Foz do Iguaçu

Ali Souami, 52 anos, pai do paciente Alexandre Souami, 22 anos, que foi isolado na UPA em Foz do Iguaçu, relatou ao R7 que levou seu filho até a unidade de saúde junto com a esposa por volta das 4h da madrugada depois de pegarem o jovem no aeroporto. Alexandre já tinha ido até um posto de saúde em São Paulo, mas não conseguiu fazer exames e decidiu viajar para encontrar seus pais.

— Depois um atendimento prévio, os médicos disseram que fariam outros exames e iriam manter o Alexandre em observação.

O pai disse que a família foi dispensada até o início da manhã. Mais tarde, ele e sua esposa foram até a UPA e ficaram alarmados com a cena que encontraram.

— Estava tudo fechado e ninguém podia entrar. Pedi informação para os funcionários e falei que meu filho estava internado. Eles foram averiguar e me disseram que ele estava sendo mantido isolado por suspeita de ebola. Ninguém explicou o motivo disso. Meu filho nunca foi para a África nem teve contato com ninguém infectado com o virús.

A família informou que o paciente continuou na UPA até ser transferido para o Hospital Municipal Foz do Iguaçu, pouco depois das 21h da noite de ontem.

Casos anteriores

Na último dia (9), outra suspeita de ebola também interditou uma unidade de atendimento na cidade de Cascavel, Paraná. Souleymane Bah, de 47 anos, procurou o local porque estava com febre. Ele havia saído no dia 18 de setembro da Guiné, país que também sofre com surto da doença.

Logo após a suspeita, o paciente foi levado ao Rio de Janeiro em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) e encaminhado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, ligado à Fiocruz. Ele fez dois exames de sangue e o ebola foi descartado.

Prevenção e contágio

Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista e coordenadora do comitê científico de medicina do viajante da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), destaca que “qualquer doença surge em qualquer país se as barreiras não forem implantadas”

Ela reforça que os profissionais de saúde precisam de treinamento para reconhecer o ebola.

— Sem conhecer a doença, não é possível dar o diagnóstico.

Marco Aurélio Sáfadi, pediatra e infectologista da Santa Casa de São Paulo, enfatiza que o vírus não é transmitido pelo ar, mas pelo contato com secreções.

— Durante o período de incubação do vírus, que geralmente é de uma semana, mas pode variar de 2 a 21 dias, o paciente não transmite a doença. Só após esse período os sintomas começam a aparecer, entre eles, febre, diarreia, vômito e sangramento [interno ou externo].

Sobre as formas de contágio no atendimento médico, o Ministério da Saúde divulgou uma nota informando que o Brasil está preparado para receber viajantes infectados pelo o vírus.

Segundo o órgão, duas simulações já foram realizadas no último mês nos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, e de Guarulhos, em São Paulo, com a finalidade de treinar profissionais de saúde para que eles saibam como proceder em caso de a doença chegar ao Brasil. Nos próximos meses, simulações similares serão realizadas em portos do País.

Surto na África

Os casos de ebola se concentram na Guiné, Libéria e Serra Leoa, na África Ocidental. Mais de 4.490 pessoas morreram devido à doença na atual epidemia, de acordo com levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgado na quarta-feira (15).

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