Coronavírus no Brasil: serão 3 meses de 'muito estresse', diz ministro
Luiz Henrique Mandetta afirma que número de casos no país deve continuar a crescer nos meses de abril, maio e junho, até se estabilizar e cair
Saúde|Fernando Mellis, do R7
Ao apresentar os números de coronavírus no Brasil, nesta terça-feira (17), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o país passará por meses seguidos de aumento de casos.
"Nós estamos imaginando que vamos trabalhar com números ascendentes abril, maio e junho. Vamos passar de 60 a 90 dias de muito estresse, para que quando chegarmos em julho, a gente imagina que entre em um platô, agosto, setembro a gente deve estar voltando...", disse em entrevista.
Para o ministro, "o mês de abril e o mês de maio serão meses de elevação, em que medidas de restrição poderão ser utilizadas".
"Os governadores já vêm utilizando. Devemos ter muito cuidado com medidas restritivas que possam interromper abastecimento de grandes eixos. Não adianta parar tudo e depois não ter alimento para os outros estados", alertou.
Mandetta reforçou que o governo está instalando leitos adicionais de UTI nos estados para garantir que casos graves tenham atendimento em hospitais públicos. Serão locados até 2.000 leitos.
"É uma doença que tem abalado sistemas de saúde do mundo inteiro. Não existe nenhum país do mundo com um sistema de saúde 100% preparado para ser em massa acionado para testes, diagnósticos, internações hospitalares e internações em leito de CTI [centro de terapia intensiva]. Estamos vendo países de primeiro mundo tendo colapsos", declarou.
O Ministério da Saúde contabilizava, até o início da tarde desta terça-feira, 291 casos confirmados de covid-19 (nome da doença causada pelo novo coronavírus). O estado de São Paulo registrou hoje a primeira morte, de um homem de 62 anos, por causa do coronavírus.
A recomendação do ministro aos governos estaduais é para que todas as cirurgias eletivas sejam remarcadas e que médicos garantam receitas válidas pelo período de seis meses para pessoas que estão nos grupos de risco (idosos, doentes crônicos e pessoas imunossuprimidas).
O objetivo é fazer com que esses indivíduos saiam o menos possível de casa nas próximas semanas.
Projeção
Um núcleo montado por pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz, do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino e da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira uma projeção do aumento de casos de covid-19 nas próximas semanas.
De acordo com as previsões, feitas a partir de modelos estatísticos, os casos de infecção pelo novo coronavírus devem variar entre 2.314 e 4.970, sendo 68% deles no estado de São Paulo.