Costuma trocar almoço por lanche? Saiba quais são os riscos desse mau hábito
Aumentou o número de brasileiros que, na pressa, preferem refeições rápidas durante o dia
Saúde|Fernando Mellis, do R7
A vida corrida costuma ser a justificativa para pular o almoço ou o jantar e fazer um simples lanchinho. Um levantamento do Ministério da Saúde mostra que 16,2% da população admitiu esse tipo de hábito sete ou mais vezes na semana. No ambiente de trabalho, é comum ver pessoas que comem na mesa, para não ter que interromper as tarefas. Mas isso pode causar obesidade e outras doenças.
A nutricionista e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie Mônica Spinelli fala sobre a importância de parar para comer.
— A pessoa hoje nem pensa sobre o que ela está comendo. Quando você não pensa sobre o que está comendo, o cérebro desliga o mecanismo que diz quando você já está satisfeito. Então, muitas vezes, você come muito mais do que o necessário, perde aquela sensação de saciedade.
O Ministério da Saúde afirmou que 52,3% dos adultos no Brasil estão acima do peso. A nutricionista diz que a rotina agitada não pode ser a única culpada. Ela destaca que há casos em que as pessoas até sabem que precisam comer coisas saudáveis, mas acabam ingerindo alimentos “disfarçados”.
— Alguns lugares vendem lanches que eles chamam de natural, com pão integral, recheio com menos gordura, queijo minas frescal, tomate, alface, peito de peru. Porém, o peito de peru, apesar de ter menos gordura, tem uma quantidade de sódio significativa.
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Um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostrou que o brasileiro consome mais do que o dobro de sódio recomendado. Em excesso, o sódio provoca aumento da pressão arterial, doenças cardíacas, problemas renais, entre outras complicações. Mônica alerta que o sódio não aparece só nos alimentos salgados, está em biscoitos, sucos e chás prontos, por exemplo.
— Hoje em dia, as pessoas têm hábito de fazer várias pequenas refeições durante o dia. Normalmente, algum salgadinho ou outra coisa industrializada. Esses produtos têm grande quantidade de sódio.
Segundo ela, até o cafezinho de hora em hora pode ser considerado um vilão, se tomado com açúcar.
— Se a pessoa tomar dez cafés por dia e em cada um colocar uma colherzinha de açúcar, já são 50 g de açúcar só no café. Isso são 200 calorias só de café, que é um valor quase desejável para um lanche.
Segundo Mônica, além do lanchinho, há outro problema: a refeição fora de casa. Ela diz que muitos restaurantes não têm controle de sal e gordura no que é servido.
— Você pode, em um self-service, pegar alimentos que você considera saudáveis. O pessoal adora pegar grelhados, mas nos restaurantes, eles são feitos com uma quantidade de gordura muito grande. O controle de sal é muito baixo, por ser um produto barato, muitas vezes é usado em grande quantidade.
A pesquisa do Ministério da Saúde indicou pontos positivos, como o fato de 36,5% dos brasileiros consumirem frutas e verduras cinco ou mais dias da semana. Mas, muitas vezes, abaixo do recomendado.
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Para quem passa o dia fora de casa, a nutricionista diz que a melhor coisa é levar de casa frutas ou iogurte para a hora da fome. No restaurante, é preciso ficar atento.
— Pode pegar uma salada sem molho, legumes, ovo cozido, um queijo branco ou tofu, frango. Tem que saber escolher. O ideal já é procurar um restaurante que tenha uma proposta de algo mais natural. Eu acho que, hoje em dia, já está se seguindo isso, principalmente nos lugares onde há muitos escritórios.