Covid-19 abreviou uma média de 16 anos de cada morto pela doença
Pesquisadores compararam idade das vítimas da pandemia com expectativa de vida dos países onde viviam
Saúde|Da EFE
Acovid-19 tirou em média 16 anos de vida de cada um dos que morreram durante a pandemia, segundo cálculos ddeuma equipe de cientistas que comparou a diferença entre a idade das vítimas no momento de sua morte e expectativa de vida nos países onde viviam.
Os resultados da pesquisa, publicados nesta quinta-feira (18) na revista Scientific Reports, foram obtidos por meio do processamento dos dados de 1.279.866 óbitos registrados em 81 países.
O trabalho é realizado por cientistas de centros de pesquisa e universidades de vários países e é baseado em fontes de dados públicos, incluindo aqueles compilados pelo Instituto Max Planck de Pesquisa Demográfica, pelo World Population Prospects das Nações Unidas e pelo estudo Global Burden. .
Os pesquisadores calcularam que a pandemia custou mais de 20,5 milhões de anos de vida nos 81 países em que o estudo foi realizado (cerca de 16 anos para cada morte), e observaram que nos países atingidos com mais força pela covid-19, o número de anos de vida perdidos é entre duas e nove vezes maior do que os anos de vida perdidos devido à gripe sazonal em um ano normal.
Quase metade dos "anos de vida perdidos" (44,9%) ocorreu em indivíduos entre 55 e 75 anos de idade; 30,2% em indivíduos com menos de 55 anos de idade; e 25% em pessoas com mais de 75 anos.
Além disso, em países onde havia contagem de mortes por gênero, o número de anos de vida perdidos foi muito maior entre os homens do que entre as mulheres.
Os pesquisadores compararam as mortes associadas à covid-19 com outras causas comuns de morte em todo o mundo e descobriram que o número de mortes é muito maior do que o de uma gripe sazonal, mas entre um quarto e metade das mortes atribuídas às doenças cardíacas.
Entre os principais autores do estudo está o espanhol Héctor Pifarré i Arolas, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa em Economia e Saúde da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona.
Em declarações à EFE, Hector Pifarré especificou que existem diferenças muito importantes entre os países analisados em termos da faixa etária mais afetada pelo maior número de anos de vida perdidos.
O pesquisador lembra que os países "relativamente" desenvolvidos, incluindo a Espanha, concentram a maior parte dos anos de vida perdidos nas faixas mais avançadas (acima de 75 anos), enquanto nos anos menos desenvolvidos se concentram as perdas. nas faixas etárias mais jovens (menos de 55 anos).
"O impacto da pandemia em termos de mortalidade prematura foi muito diverso entre os países da amostra ", disse, garantindo que os resultados obtidos indicam que a covid-19 teve um efeito "particularmente grave" na Espanha.
Os dados, especificou, revelam que os anos de vida perdidos pela covid-19 na Espanha foram cerca de sete vezes maiores que os decorrentes de uma gripe média, impacto apenas superado (entre os países da amostra e durante o período estudado) pela Itália e pelos Estados Unidos.
É possível, na opinião dele, que o perfil etário das pessoas afetadas pela covid-19 mude nos próximos meses, à medida que avançam as campanhas de vacinação e se verifica também o efeito das diferentes mutações do vírus.
E insistiu que os resultados devem ser interpretados no contexto de uma pandemia "que ainda não terminou e levando em conta que em muitos países implementamos medidas excepcionais de contenção".
“Estimativas sem medidas de contenção sugerem muito mais mortes e, portanto, muitos mais anos de vida perdidos”, disse à EFE o pesquisador do Centro de Pesquisa em Economia e Saúde da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona.