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Covid-19: quase metade dos brasileiros teve insegurança alimentar na pandemia

Dados apontam que impactos foram mais frequentes nos mais pobres e nos domicílios chefiados por mulheres

Saúde|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

Quase metade dos brasileiros reduziram renda Reprodução/Agência Brasil - Arquivo

Quase metade (47,4%) dos brasileiros passou por algum tipo de insegurança alimentar durante a pandemia de Covid-19, segundo a pesquisa Epicovid 2.0. Os dados apontam que 48,6% da população do Brasil teve redução na renda familiar e 37,9% perdeu o emprego. Além disso, 14,7% perdeu um familiar para a doença e 21,5% precisou interromper os estudos.

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O levantamento foi feito pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) com participação da FGV (Fundação Getulio Vargas), Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre) e UCPel (Universidade Católica de Pelotas). O objetivo é abordar temas como sintomas e complicações, infecções prévias, impactos financeiros, alimentares, educacionais e comportamentais, além de vacinação e desinformação.

Ainda segundo a Epicovid 2.0, cerca de 60 milhões de brasileiros afirmam ter contraído a Covid-19 desde o começo da pandemia, o que representa 28,4% da população total. Entre os que pegaram a doença, 22,1% teve uma vez, 4,9% teve duas vezes e 1,4% afirma ter tido a doença três ou mais vezes.

Os dados apontam que os impactos foram mais frequentes nos mais pobres e nos domicílios chefiados por mulheres. Na classe de renda mais baixa, 44% afirma que faltou dinheiro para a compra de alimentos em algum momento, e 22% diz que um adulto precisou reduzir a alimentação para sobrar para as crianças da casa.


A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirma que a pandemia foi um “reforço de desigualdade” no Brasil. Pedro Hallal, professor universitário responsável pela pesquisa, afirma que a pesquisa esclarece que a Covid acirrou desigualdades sociais, visto que as pessoas com menos poder aquisitivo foram as mais afetadas em todos os índices.

Covid longa

Ainda segundo a Epicovid 2.0, entre os 60 milhões de brasileiros que contraíram a Covid-19, 18,9% relatou ter sofrido com sintomas persistentes e que duraram além da doença — a chamada “covid longa”. Os sintomas mais registrados foram ansiedade (33,1%), cansaço (25,9%), dificuldade de concentração (16,9%) e perda de memória (12,7%).


Segundo o levantamento, os sintomas de covid longa foram mais frequentes em mulheres e na população indígena. Entre os que contraíram a Covid-19, 28,8% afirmam que sentem os sintomas até os dias atuais. 36,4% contam que tiveram os sintomas, mas que não sentem mais, e 34,9% não tiveram sintomas remanescentes da doença.

A covid longa é o termo criado para se referir a sintomas percebidos por pessoas que tiveram a Covid-19 e se recuperaram dos estágios iniciais. No início da pandemia, a OMS (Organização Mundial da Saúde) definiu que a covid longa era uma doença percebida três meses depois do início da Covid-19 e que dura pelo menos dois meses, não podendo ser explicada por um diagnóstico alternativo.

A presidente da Fiocruz, Margareth Dalcomo, explica que essa definição da doença foi atualizada ao longo do tempo e não delimita o período de sintomas. “A covid longa tem um problema que começa com a nomenclatura [...] Esse é o melhor nome por se tratar de uma doença nova que nós não temos certeza se os sintomas são por aquela doença”, relata. Segundo ela, quanto mais nos distanciarmos da pandemia, mais informação teremos. “É uma situação de grande complexidade clínica”, declara.

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