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Danos do uso indiscriminado de AAS são maiores do que benefícios

A aspirina é indicada para pacientes que já tiveram problemas vasculares; EUA deixam de indicar droga para idosos hipertensos

Saúde|Lucas Pimentel*, do R7

Milhões de americanos utilizam aspirina sem indicação médica
Milhões de americanos utilizam aspirina sem indicação médica

O uso da aspirina para o tratamento e prevenção de diversos quadros clínicos é muito difundido no mundo, e muitas vezes sem uma indicação médica apropriada. Segundo pesquisa publicada pela JAMA Internal Medicine, cerca de 10 milhões de americanos acima dos 70 anos utilizam o remédio diariamente sem consultar um médico.

O cardiologista Kamal Yazbek Junior, presidente da regional ABC da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), conta por que o AAS (ácido acetilsalicílico) tem o uso tão popularizado para o controle da pressão alta. 

"A função do AAS é diminuir o risco de coágulos dentro da artéria, que podem fazer com que a passagem do sangue seja bloqueada; no entanto, o medicamento só pode ser usado de forma preventiva por quem já passou por algum evento cardíaco anteiormente", ressalta.

Com o objetivo de evitar casos em que a droga prejudique a saúde, a Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos deixou de indicar o medicamento para prevenir hipertensão em idosos.


O médico acredita que a decisão visa alertar para o risco de usar a droga em idosos hipertensos que nunca tiveram problemas vasculares, como infarto e derrame cerebral.

“A contra-indicação é para evitar o risco de sangramento gastrointestinal e cerebral, que é muito aumentado em quem utiliza a aspirina de forma rotineira e sem a orientação adequada, principalmente idosos, nos quais essas doenças são mais frequentes", alerta o médico. 


Kamal acrescenta, também, que o uso do AAS para tratar hipertensão não é indicado, já que a utilização sem necessidade pode causar danos ao organismo maiores que os benefícios.

“Não há relação direta no uso do AAS para tratar hipertensão. Mas muitos pacientes com a doença precisam tomar o medicamento por outras condições em que o remédio é indicado. É o caso de quem já apresentou eventos como derrame cerebral ou infarto, por conta de ser considerado um grupo de grande risco de desenvolver outros eventos semelhantes ”, diz o cardiologista.


Dados da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) mostram que cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença cardiovascular e que pelo menos 400 mil deles morrem todos os anos, o que representa cerca de 30% das mortes anuais no país.

*Estagiário do R7, sob supervisão de Carla Canteras

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