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Desmatamento é responsável por mais de 28 mil mortes anuais por calor

Efeitos são ainda mais graves em países de baixa renda, diz estudo

Saúde|Da Agência Brasil

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo internacional revela que o desmatamento causa 28 mil mortes anuais por calor.
  • Pesquisadores destacam que essas mortes são principalmente evitáveis e afetam mais países de baixa renda.
  • Sudeste Asiático é a região mais impactada, com 15.680 mortes anuais, seguido pela África tropical e Américas.
  • O aquecimento induzido pelo desmatamento prejudica a saúde e a produtividade laboral, especialmente entre trabalhadores tropicais.

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Pesquisa destaca que o aquecimento causado por desmatamento reduz a produtividade laboral Fernando Frazão/Agência Brasil

Estudo internacional divulgado, nesta quarta-feira (27), avalia o impacto do desmatamento de florestas tropicais sobre a saúde humana. A pesquisa utilizou, de forma inédita, uma escala pantropical, que inclui todas as regiões tropicais do mundo: Américas, África e Ásia.

Apesar das variações regionais, os resultados apontaram que, em todas as regiões tropicais, há uma ligação direta entre perda de floresta, aumento de temperatura local e elevação de mortalidade. Ao todo, são aproximadamente 28 mil mortes por ano. A pesquisa alerta que quase todas as mortes são evitáveis.


O trabalho foi publicado na revista científica Nature Climate Change, liderado pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds (Reino Unido), em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia (Gana).

Segundo a investigação, em quase 20 anos (entre 2001 e 2020), 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento local resultante do desmatamento em regiões tropicais. Em média, as populações experimentaram um aumento de 0,27 °C na temperatura da superfície terrestre durante o dia. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo estudo, esse valor pode parecer modesto, mas tem efeitos diretos sobre a mortalidade.


Em termos de impacto à saúde, a consequência mais grave revelada pelo estudo é a estimativa de 28.330 mortes não acidentais por ano atribuídas ao calor induzido pelo desmatamento, com intervalo de confiança de 23.610 a 33.560 mortes anuais.

O Sudeste Asiático lidera o impacto com 15.680 mortes por ano, impulsionado principalmente pela vulnerabilidade da população da indonésia ao calor. A África tropical, embora com maior número de pessoas expostas e taxas de mortalidade geral mais altas, apresenta menor vulnerabilidade térmica, totalizando 9.890 mortes por ano. As Américas Central e do Sul tropical, com forte aquecimento, mas menor densidade populacional nas áreas afetadas, somam 2.520 mortes anuais.


Desmatamento

A perda de cobertura florestal no período analisado foi de cerca de 1,6 milhão de km², sendo 760 mil km² nas Américas Central e do Sul tropical, 490 mil km² no Sudeste Asiático e 340 mil km² na África.

O desmatamento coincidiu com aumentos significativos de temperatura. Regiões que mantiveram cobertura florestal preservada apresentaram aquecimento médio de +0,20 °C, enquanto áreas desmatadas chegaram a aquecer +0,70 °C — mais de três vezes acima da média. Entre as áreas de 1 km² que registraram os maiores aumentos de temperatura (acima de quatro desvios padrão da média), 60% sofreram desmatamento no período analisado.


Os pesquisadores destacam que o aquecimento induzido pelo desmatamento reduz a produtividade laboral e expõe milhões de pessoas a condições perigosas de trabalho ao ar livre.

Estima-se que, apenas entre 2003 e 2018, 2,8 milhões de trabalhadores tropicais foram expostos a níveis de calor que ultrapassam os limites térmicos seguros para o trabalho ao ar livre. Além do desempenho físico e cognitivo comprometido, a exposição ao calor extremo está ligada a doenças cardiovasculares e aumento de mortalidade por causas diversas.

Esses efeitos são ainda mais graves em países de baixa renda, onde o acesso a tecnologias adaptativas como ar-condicionado é limitado. A população mais pobre, frequentemente vivendo em regiões tropicais, enfrenta dupla vulnerabilidade: aos efeitos diretos do calor e à precariedade dos sistemas de saúde e infraestrutura para redução dos impactos.

“Além da regulação climática, os serviços ecossistêmicos florestais são essenciais para o bem viver e a qualidade de vida das populações locais. Assim, a redução do desmatamento também é uma questão de saúde pública, pois evitamos mortes por calor e garantimos condições climáticas mais favoráveis para populações em situação de vulnerabilidade que dependem diretamente desses ecossistemas”, destaca a pesquisadora da Fiocruz Piauí, Beatriz Oliveira, coautora do estudo.

Perguntas e Respostas

Qual é o impacto do desmatamento na saúde humana?

Um estudo internacional revelou que o desmatamento de florestas tropicais está diretamente ligado ao aumento da temperatura local e à elevação da mortalidade, resultando em aproximadamente 28 mil mortes anuais atribuídas ao calor. A pesquisa destaca que quase todas essas mortes são evitáveis.

Quem conduziu o estudo e onde foi publicado?

O estudo foi liderado pelo Instituto de Ciência do Clima e Atmosfera da Universidade de Leeds, no Reino Unido, em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Kwame Nkrumah de Ciência e Tecnologia, em Gana. Os resultados foram publicados na revista científica Nature Climate Change.

Quais regiões foram analisadas e quais os resultados encontrados?

A pesquisa abrangeu todas as regiões tropicais do mundo, incluindo as Américas, África e Ásia. Os resultados mostraram que, entre 2001 e 2020, 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento local causado pelo desmatamento, com um aumento médio de 0,27°C na temperatura da superfície terrestre durante o dia.

Quais são as estimativas de mortes por região?

O Sudeste Asiático é a região mais afetada, com 15.680 mortes anuais, seguido pela África tropical com 9.890 mortes e pelas Américas Central e do Sul tropical, que somam 2.520 mortes anuais.

Qual foi a extensão da perda de cobertura florestal durante o período analisado?

A perda de cobertura florestal entre 2001 e 2020 foi de cerca de 1,6 milhão de km², com 760 mil km² nas Américas Central e do Sul tropical, 490 mil km² no Sudeste Asiático e 340 mil km² na África.

Como o desmatamento afeta a temperatura e a saúde?

O desmatamento está associado a aumentos significativos de temperatura, com áreas desmatadas apresentando aquecimento médio de +0,70°C, mais de três vezes acima da média. Isso resulta em condições de trabalho perigosas e aumento de doenças cardiovasculares, além de comprometer a produtividade laboral.

Quais são os efeitos do calor extremo em trabalhadores tropicais?

Entre 2003 e 2018, 2,8 milhões de trabalhadores tropicais foram expostos a níveis de calor que ultrapassam os limites seguros para o trabalho ao ar livre, levando a um desempenho físico e cognitivo comprometido e aumento da mortalidade.

Como o desmatamento afeta países de baixa renda?

Os efeitos do desmatamento são mais graves em países de baixa renda, onde o acesso a tecnologias adaptativas, como ar-condicionado, é limitado. A população mais pobre enfrenta vulnerabilidade dupla: aos efeitos diretos do calor e à precariedade dos sistemas de saúde e infraestrutura.

Qual é a opinião de especialistas sobre a relação entre desmatamento e saúde pública?

A pesquisadora da Fiocruz Piauí, Beatriz Oliveira, coautora do estudo, destaca que a redução do desmatamento é uma questão de saúde pública, pois pode evitar mortes por calor e garantir condições climáticas mais favoráveis para populações vulneráveis que dependem dos ecossistemas florestais.

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