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Doenças e tipos sanguíneos viram tendência de tatuagem 

Tatuadores afirmam que diabetes e lúpus são os registros mais comuns; motivação é facilitar a identificação em caso de emergência

Saúde|Giovanna Borielo, do R7*

Barbara decidiu fazer a tatuagem após desmaio na rua
Barbara decidiu fazer a tatuagem após desmaio na rua

É cada vez mais comum tatuagens que identificam o pertencimento a algum grupo. Condições relacionadas à saúde, como diabetes e tipos sanguíneos, estão entre elas, seja para a autoaceitação ou para a identificação durante uma emergência.

Diagnosticado com diabetes há três anos, o especialista em telecomunicações Helder Leitão, 37, tem um círculo azul, símbolo universal da diabetes, no punho.

“Uma conhecida minha, que também tem diabetes, uma vez desmaiou no metrô e ninguém sabia o motivo. Ela estava com hipoglicemia e precisava ingerir um pouco de açúcar. Assim, eu resolvi fazer a minha, por precaução”, afirma. 

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Segundo a endocrinologista Solange Travassos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para realizar uma tatuagem, além de buscar um estabelecimento dentro das normas de higiene, o diabético tem de ter a hemoglobina glicada – exame que analisa a média de glicemia durante três meses - menor que 7%, pois, um índice acima desse valor representa descontrole da doença. Também é necessário o controle por meio do teste de dedo, tanto durante o procedimento quanto durante a cicatrização.

Detalhe da tatuagem de Barbara, no antebraço esquerdo
Detalhe da tatuagem de Barbara, no antebraço esquerdo

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A endocrinologista afirma que esse tipo de identificação pode ser útil para pessoas que praticam atividades físicas de risco, como montanhismo e motociclismo, favorecendo na administração de medicamentos em casos de emergência.

Mas ela ressalta que essa identificação não precisa ser feita obrigatoriamente por meio de uma tatuagem. Braceletes, pulseiras e colares exercem a mesma função.


"Caso a pessoa opte por uma tatuagem, é mais eficaz o registro da palavra 'diabetes' do que o símbolo da doença, apesar de este símbolo ser razoavelmente conhecido no ambiente hospitalar", afirma.

No último final de semana, durante o evento de tatuagem Tattoo Experience, em São Pualo, mais de 100 diabéticos receberam de graça a tatuagem de identificação da sua condição. O evento contou com 15 tatuadores que fizeram parte da campanha “Uma tatuagem pode salvar vidas”. Entre os tatuados, estava a profissional de atendimento publicitário Juliana Vasques, 35.

Juliana também tatuou o diabetes no antebraço esquerdo
Juliana também tatuou o diabetes no antebraço esquerdo

Juliana, que descobriu ser diabética aos 15 anos, decidiu marcar a pele após ter uma hipoglicemia no metrô e acharem que ela estava drogada. "Marcar a condição na pele era assustador para mim e depois desse episódio passei a usar a carteirinha. Depois decidi a fazer a tatuagem e fiquei sabendo das doações. No final, adorei o resultado", afirma.

Juliana optou por uma tatuagem estilizada para identificar o diabetes
Juliana optou por uma tatuagem estilizada para identificar o diabetes

Deborah Leal, 31, é body piercer e o marido, Adriano Silva, 46, tatuador. Em todas as campanhas, o casal paulistano participa como voluntário, mas, este ano, a causa ganhou mais força: descobriram que a filha, Helena, de 8 anos, é diabética.

Eles pensam em oferecer a tatuagem a ela quando for maior de idade, mas, por enquanto fazem "de canetinha" quando ela pede.

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Helder tatuou o símbolo universal do diabetes
Helder tatuou o símbolo universal do diabetes

“É comum as pessoas tatuarem a identificação do diabetes e também do tipo sanguíneo e do lúpus", conta Deborah. 

O tatuador Paulo Fera, que também participou da ação, afirma que para tatuar uma pessoa diabética são exigidos documentos médicos que autorizem o paciente a fazer o procedimento, além de realizar o monitoramento da glicemia e da pressão arterial.

O tatuador diz não realizar tatuagens em pés de diabéticos por conta da dificuldade de cicatrização.

A funcionária pública Barbara Loprete, 26, também compareceu ao evento para realizar a tatuagem.

Barbara descobriu o diabetes aos 13 anos após perceber que estava emagrecendo muito.

Ela conta que a decisão de se identificar veio após desmaiar na rua e ficar desacordada durante 30 minutos e só recobrar a consciência depois de acharem uma carteira que dizia o que fazer caso isso acontecesse.

Além disso, Barbara pretende fazer um curso de intercâmbio no exterior e acredita que a identificação ficará mais fácil com a tatuagem, caso necessário.

O diabetes é uma doença provocada pela falta absoluta ou relativa de insulina, levando à elevação dos níveis de açúcar no sangue.

Essa glicose aumentada está associada à insuficiência renal crônica, doenças cardiovasculares e amputações dos membros inferiores. Em homens, também pode provocar a disfunção erétil. O tratamento visa o controle das taxas de açúcar no sangue.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

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