É possível ser internado com covid leve apenas por precaução
Hospitalização é indicada se paciente precisa de acompanhamento diário, como nos casos de Zeca Pagodinho e Silvio Santos
Saúde|Do R7
Os últimos dias foram marcados pela internação de famosos por causa da covid, como é o caso do cantor Zeca Pagodinho, 62, e foi o do apresentador Silvio Santos, 90. Nos dois casos, os boletins médicos indicaram que eles não estavam com a forma grave da doença e a hospitalização foi feita por precaução. No mês de junho, o senador José Serra, 79, chegou a ser internado em São Paulo pelo mesmo motivo.
A internação de forma preventiva não é uma ação comum no caso covid. O infectologista León Capovilla, do Hospital Moriah, em São Paulo, explica que esse tipo de hospitalização é indicada no caso de alguma situação preexistente, que indica maior risco da covid evoluir para o estado grave.
"A internação preventiva da covid-19 é mais ligada às disfunções orgânicas que o paciente já tenha. Se o paciente tem uma disfunção renal, cardíaca, uma doença pulmonar prévia, tabagismo ou outras doenças mesmo, ele tem maior probabilidade de evoluir mal pela covid. Se ele tem necessidade de avaliações clínicas recorrentes, seja diariamente ou com alta frequência, é mais interessante a internação. O doente pode ficar internado em um leito de enfermaria, ser acompanhado diariamente e fazer os exames diários no hospital mesmo", explica Capovilla.
No caso de Silvio Santos, de acordo com familiares, a internação se deu devido aos riscos relacionados à idade do apresentador. Ele deixou o hospital Albert Einstein, em São Paulo, no último sábado (14), e, segundo divulgado, não precisou de auxílio de oxigênio enquanto esteve internado.
Já Zeca Pagodinho foi internado no sábado (14), na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. De acordo com a assessoria de imprensa do cantor, ele não apresentava sintomas, mas o médico optou pela internação, por ele ser muito agitado, e um acompanhamento diário seria mais seguro. O próprio artista gravou um vídeo e publicou na sua conta do Instagram, que mostra estar bem e apenas em isolamento.
O infectologista explica que não há uma regra para decidir quando e como deve ser a hospitalização preventiva. "A demanda de avaliação diária do paciente justifica a internação. Porém, cada caso é um caso e é necessário avaliar e ponderar a necessidade real. A partir do momento que o caso evolua com uma certa severidade e que mereça esse acompanhamento diário, seja no começo da doença, que é mais difícil, ou após sete dias quando é verificada a fase mais inflamatória da covid, a internação pode ser feita", afirma Capovilla.
A discussão sobre internação preventiva só pode ser feita no momento em que as internações por covid-19 abaixaram em todo o país. "Esse tipo de internação só é possível ser pensado quando temos leitos hospitalares de enfermaria disponíveis. Senão, ninguém vai tirar o leito de um doente que está, de fato, evoluindo mal para a covid, para cuidar de alguém que pode evoluir para doença grave. Essa decisão é claramente dependente do número de vagas do hospital", enfatiza o infectologista.
Mesmo sem estar com falta de leitos dedicados à pacientes com covid, as internações preventivas na rede pública são pouco comuns.