Eficácia da CoronaVac contra morte entre 80 e 89 anos é de 67,2%
Constatação faz parte de estudo com 75 milhões de brasileiros conduzido por pesquisadores da Fiocruz
Saúde|Do R7
O maior estudo de efetividade das duas vacinas anticovid mais usadas no Brasil, conduzido por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), traz detalhes do nível de proteção e da influência da idade na eficácia dos imunizantes.
Os autores do trabalho, cujos resultados foram divulgados nesta sexta-feira (27), analisaram dados de 75,9 milhões de brasileiros que receberam CoronaVac ou AstraZeneca entre 18 de janeiro e 24 de julho.
Em pessoas entre 80 e 89 anos, por exemplo, a CoronaVac protegeu 67,2% dos imunizados de evoluir para morte. Entre os acima de 90 anos, a eficácia contra óbito foi de apenas 33,6%.
A vacina da AstraZeneca nestes mesmos grupos teve proteção de 89,9% e 65,4%, respectivamente.
“Já tínhamos suspeita da influência da idade na queda da efetividade, porque o mesmo ocorre com outras vacinas. O que fizemos foi delimitar claramente esse ponto de declínio. Essa é também a primeira comparação feita entre vacinas que usam diferentes plataformas", explica e, comunicado o pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral-Netto, um dos autores do estudo.
Na população geral, quem completou o esquema vacinal com a CoronaVac teve um risco de infecção 52,7% menor. A proteção contra internação em UTI foi de 73,8%, e de morte, 73,7%.
Os que tomaram AstraZeneca tiveram uma proteção média de 72,9% contra a infecção, 89,1% contra internação em UTI e 90,2% contra óbito.
O estudo surge na mesma semana em que o Ministério da Saúde anunciou a aplicação de doses de reforço para todos os brasileiros acima de 70 anos vacinados há mais de seis meses, independentemente da vacina — 70% desta faixa etária receberam CoronaVac e outros 30% tomaram AstraZeneca.
A vacina aplicada será, preferencialmente, a da Pfizer, segundo o ministro Marcelo Queiroga.
“Considerando o atual cenário no Brasil, nossas descobertas demonstram a eventual necessidade de uma dose de reforço vacinal nos indivíduos acima dos 80 anos que receberam CoronaVac e naqueles acima de 90 anos imunizados com a AstraZeneca/Fiocruz”, sugerem os autores do estudo.
Segundo Barral-Netto, o estudo brasileiro é uma contribuição para outros países que utilizam esses imunizantes e não têm uma base populacional tão grande para fazer esse tipo de análise.
Os resultados foram compartilhados com o Ministério da Saúde e com a OMS (Organização Mundial da Saúde). A próxima rodada deve incluir também os imunizantes da Pfizer e da Janssen, que foram introduzidos mais recentemente no PNI (Programa Nacional de Imunizações).