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Entenda a diferença entre o soro anticovid e as vacinas

Soro anticovid do Instituto Butantan será testados em humanos e, caso seja aprovado pela Anvisa, será usado para tratar a doença

Saúde|Hysa Conrado, do R7

Soro é desenvolvido pelo Instituto Butantan
Soro é desenvolvido pelo Instituto Butantan

Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou que o Instituto Butantan, de São Paulo, realize testes do soro anticovid em humanos, que se trata do primeiro medicamento deste tipo no Brasil.

Segundo a pesquisadora Ana Marisa Chudzinski Tavassi, diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do instituto, a principal diferença entre o soro e a vacina é que o primeiro serve para tratar a covid-19 e, o segundo, para prevenir a doença. “A ideia do soro é tratar e bloquear o vírus que está infectando a pessoa, não induzir a formação de anticorpos”, explica.

Isso porque o medicamento já é composto por anticorpos e, no organismo, terá uma ação imediata contra o coronavírus. Já a vacina atua para induzir o corpo a criar anticorpos contra o SARS-CoV-2, podendo levar cerca de 15 dias para que o sistema imunológico comece a responder.

Vale ressaltar que as vacinas em aplicação no Brasil (CoronaVac, da Pfizer e da AstraZeneca), têm eficácia comprovada para prevenir quadros graves de covid-19, mas os imunizados ainda podem contrair o vírus e apresentar sintomas leves. Pessoas vacinadas que forem diagnosticadas com a doença poderão fazer uso do soro durante o tratamento.


“A pessoa foi vacinada, mas talvez o organismo não respondeu a tanto quanto se esperava, então, ela não tem níveis de anticorpos suficientes para bloquear esse vírus. Se ela começou a manifestar a doença, não tem nenhuma contra indicação para receber um anticorpo pronto, via soro”, afirma a pesquisadora.

Fabricação do soro anticovid

Diferentemente do que ocorre com as vacinas, não é necessário importar os ingredientes farmacêuticos necessários para a fabricação do soro. Segundo Ana Marisa, o medicamento é produzido a partir do plasma de cavalos que receberam o coronavírus inativado e produziram os anticorpos, que são purificados e, posteriormente, usados como um soro.


“O vírus foi isolado de um paciente brasileiro e foi inativado, o que significa que ele não tem mais condição de infectar. O cavalo reconhece o vírus como não próprio e seu sistema imune faz anticorpos. Parte do sangue desse cavalo é coletada, na verdade já temos um sistema que só coleta o plasma. No Instituto Butantan, se faz um processo de purificação, que significa retirar desse plasma só os anticorpos, que serão tratados para que se transformem em um produto”, explica a pesquisadora.

Quando o soro estará disponível?

O soro só poderá ser usado no Brasil após a conclusão da fase de testes em humanos e aprovação da Anvisa. O Instituto Butantan se prepara para iniciar a primeira etapa do estudo clínico, mas, para isso, precisa recrutar voluntários para os testes.


Segundo a pesquisadora, o grupo em que o soro será testado deve ser composto por pessoas que têm alta probabilidade de desenvolver a covid-19 de forma grave, pessoas transplantadas e pessoas em tratamento quimioterápico, estas últimas por terem o sistema imunológico suprimido e, por isso, também fazem parte do perfil de risco para a doença.

Na primeira fase de testes, será observada a segurança do soro e, na segunda, a dose necessária para a aplicação - ambas serão realizadas com 60 voluntários. Já na terceira etapa, que analisa a eficácia do soro, o instituto pretende testar o medicamento em 700 pessoas, contando com as inseridas nas etapas anteriores.

“Vai depender de ter os voluntários com as características que foram colocadas e propostas para a Anvisa e para o Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa). Precisamos ter esse número grande de pessoas para fazer uma análise estatística de que o soro tem efeito”, explica a pesquisadora.

Em nota, o Instituto Butantan informou que os resultados dos testes realizados em ratos infectados pelo vírus vivo mostraram que o soro foi capaz de diminuir a carga viral do novo coronavírus, além de reduzir o perfil inflamatório; os animais também apresentaram preservação da estrutura pulmonar.

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