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Entenda a mutação no gene que fornece resistência ao HIV

O gene CCR5 foi a chave para o tratamento bem-sucedido que livrou o segundo paciente do vírus HIV, que causa a Aids, segundo pesquisa

Saúde|Deborah Giannini, do R7

Estima-se que haja 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo
Estima-se que haja 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo

Pesquisadores afirmam que uma pessoa portadora do HIV está livre do vírus após ter recebido transplante de células-tronco que substituiu seus glóbulos brancos por versões resistentes ao HIV.

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O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e publicado nesta terça-feira (5) na revista científica Nature.

O paciente parou de tomar medicamentos antirretrovirais, tratamento padrão para o HIV, e não apresenta nenhum sinal de retorno há um ano e meio. A identidade do paciente foi preservada.


Trata-se da segunda pessoa já relatada livre do vírus utilizando esse método. Mas Ravindra Gupta, médico de doenças infecciosas da Universidade de Cambridge, que liderou a pesquisa, afirmou à Nature que ainda é cedo para afirmar que ele está curado. Segundo ele, isso só poderá ser confirmado se o sangue do paciente permanecer livre de HIV por mais tempo, sem precisar quanto tempo seria.

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A técnica de células-tronco foi utilizada pela primeira vez há de anos em Timothy Ray Brown, que ficou conhecido como "o paciente de Berlim". Segundo a Nature, ele ainda está livre do vírus.

O segundo paciente a ser submetido ao mesmo tratamento está demostrando resposta semelhante à de Brown, de acordo com informações publicadas na revista científica. A equipe relata à Nature que o vírus desapareceu completamente do sangue do paciente após o transplante. Após 16 meses, ele parou de tomar antirretrovirais e até o momento - três meses depois, - ainda está livre do vírus.


Pacientes tinham câncer e HIV

A indicação de transplante a esses pacientes surgiu porque ambos apresentavam uma forma de câncer no sangue que não respondia à quimioterapia. Por essa razão, necessitaram de um transplante de medula óssea, no qual suas células sanguíneas seriam destruídas e reabastecidas com células-tronco transplantadas de um doador saudável.

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A chave do tratamento foi que a equipe médica não utilizou simplesmente uma medula compatível para este transplante. Ela escolheu um doador que tinha duas cópias de uma mutação no gene CCR5, que fornece resistência ao HIV.

Esse gene codifica receptores localizados nos glóbulos brancos, responsáveis pela imunidade do organismo. Normalmente, o HIV se liga a esses receptores e ataca as células, mas uma deleção no gene CCR5 impede que os receptores funcionem adequadamente. Cerca de 1% das pessoas de descendência europeia têm duas cópias dessa mutação e são resistentes à infecção pelo HIV, segundo publicado na Nature.

O transplante substituiu, com sucesso, os glóbulos brancos do paciente por sua versão resistente ao HIV. As células que circulam no sangue do paciente pararam de expressar o receptor CCR5. À revista, os pesquisadores relatam que, em laboratório, eles não puderam re-infectar essas células com a versão do HIV do paciente.

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Avanço abre caminho para tratamentos futuros

O estudo sugere que o primeiro caso bem sucedido do tratamento não foi isolado, o que pode abrir caminho para tratamentos futuros. Segundo Gupta relatou à Nature, que esse segundo paciente recebeu um tratamento menos agressivo do que Brown para se preparar para o transplante.

Ele foi submetido à quimioterapia contra as células cancerosas, enquanto Brown recebeu radioterapia e medicamento de quimioterapia. A conclusão é que, para ser bem- sucedido, os transplantes de células-tronco em pacientes com HIV não necessariamente precisam de tratamentos agressivos que podem ter efeitos colaterais graves. Segundo Gupta, a radiação impacta na medula óssea e deixa o paciente doente.

À revista Nature um pesquisador não ligado ao estudo ressaltou que esse tipo de tratamento não seria adequado para a maioria das pessoas com HIV que não têm câncer e, portanto, não precisam de um transplante de medula óssea. Ele afirmou se tratar de um procedimento sério que pode ter complicações fatais.

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