Entenda como são feitos os exames de coronavírus no Brasil
Desde o fim de janeiro, laboratórios fazem testes para casos suspeitos de pessoas que se enquadram na definição estabelecida pela OMS
Saúde|Do R7
Casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil seguem um padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde, que inclui desde o isolamento do paciente até o envio de amostras de material respiratório para análise.
Até o momento, já foram descartados 16 casos; outros 13 aguardam resultados de exames.
Para ser considerado um caso suspeito, o paciente precisa ter feito viagem à China 14 dias antes do aparecimento dos sintomas (febre e pelo menos um sintoma respiratório).
Também são considerados casos de pessoas que tiveram contato com outros pacientes suspeitos de terem contraído o vírus ou confirmados.
Os médicos recolhem duas amostras de material respiratório (secreção da garganta ou nariz). Pode ser utilizada uma espécie de cotonete ou uma aspiração do nariz.
Os profissionais de saúde devem seguir um rígido protocolo laboratorial para evitar contágio e garantir o armazenamento e transporte seguros e sem alterações das amostras coletadas.
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O isolamento pode ser feito em hospital ou em casa, a depender do estado de saúde do paciente.
As amostras são enviadas com urgência para o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) do estado onde o paciente se encontra — em São Paulo, é o Instituto Adolfo Lutz.
Segundo o protocolo laboratorial para a coleta, acondicionamento e transporte de amostras biológicas para investigação do novo coronavírus do Instituto Adolfo Lutz, uma das amostras será analisada por PCR em tempo real e outra por análise metagenômica: duas técnicas distintas para a identificação do vírus.
O epidemiologista Paulo Rossi Menezes, coordenador da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, explica que o teste por análise metagenômica é muito mais complexo e é necessário suporte de softwares e banco de dados para verificar todo o material genético presente em uma amostra.
Apesar da complexidade, o epidemiologista enfatiza a importância da análise metagenômica para objetivos de pesquisa científica.
“Não é um exame ideal para diagnóstico, mas como conhecemos pouco sobre o novo coronavírus é importante para a comunidade científica.”
Até agora, apenas um exame desses foi realizado em caso suspeito de coronavírus no país.
Já os exames feitos pelo PCR são mais rápidos e econômicos. Eles verificam a presença de um material genético específico do novo vírus.
Por isso, é necessário que o laboratório que for realizar o teste tenha o material de referência para comparação, explica o patologista Flávio Alcantara, associado à SBPC/ML (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial)
Menezes afirma que o controle, nome dado ao material de comparação, do coronavírus foi enviado pelos Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) de Atlanta para a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, e deve chegar ao Adolfo Lutz nos próximos dias.
Com isso, será possível testar pacientes com suspeita do novo coronavírus em menos tempo.
Até agora, os casos têm sido testados por exclusão. São feitos exames de vírus que já se têm a base comparativa antes de proceder para a verificação específica do novo coronavírus.
A maior parte dos casos suspeitos apresentou resultado positivo para influenza A ou B, que são de gripe comum, segundo o Ministério da Saúde.
Os resultados de exames feitos por PCR demoram cerca de 6 horas e custam menos de R$ 5.000.
Já aqueles feitos por análise metagenômica têm custo em torno de R$ 5.000 e levam até quatro dias para serem concluídos, a depender da capacidade tecnológica do laboratório.
Segundo Júlio Croda, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, alguns casos suspeitos foram encaminhados à Fiocruz para o exame específico de biologia molecular que detecta o novo coronavírus. O resultado deve sair em cinco dias.
"A gente tem a atualização de cinco pacientes que foram para esse exame específico de coronavírus: 1 de São Paulo, 3 do Rio do Sul e 1 de Santa Catarina."