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Entidade faz mutirão de cirurgia para prevenir câncer no pênis

Ação da Sociedade de Urologia é no Norte e Nordeste, regiões com maior incidência da doença. Tumor pode levar à amputação

Saúde|Do R7, com Agência Brasil

Brasil tem cerca de 500 amputações por ano de pênis devido ao câncer
Brasil tem cerca de 500 amputações por ano de pênis devido ao câncer Brasil tem cerca de 500 amputações por ano de pênis devido ao câncer

A SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) começou nesta sexta-feira (4), Dia Mundial do Câncer, campanha para combater ao câncer de pênis e vai promover mutirão de cirurgias nas regiões Norte e Nordes.

Nos últimos quatro anos, foram registrados mais de 8 mil casos no país, de acordo com o SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde). 

A doença que é possível de ser prevenida com higienização correta do órgão tem um tratamento muito invasivo, que é a amputação do membro. O urologista Roni Fernandes, vice-presidente da SBU alerta é um câncer totalmente evitável. 

"É um câncer controlável com a higienização dos genitais, redução de doenças sexualmente transmissível, combate ao problema de fimose, que atrapalha a boa higienização do pênis, vacinação contra o HPV, que é um dos fatores para desenvolver câncer de pênis, e evitar o tabagismo", explica o médico. 

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"A doença não é muito comum, mas o tratamento é mutilante. Levantamos dados do Ministério da Saúde e o Brasil faz em torno de 500 penectomia por ano, ou seja, mais de uma por dia", acrescenta Fernandes.

De acordo com a SBU, nos últimos 14 anos foram registradas 7.213 amputações do órgão masculino, o que corresponde a um aumento de 1.604% no período e a uma média de 515 procedimentos por ano.

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A SBU começa um mutirão de cirurgia de postectomia, ou circuncisão, em estados do Norte e Nordeste, com o objetivo de atender cerca de 150 homens, pacientes da rede pública de saúde.

O urologista salienta que a cirurgia da fimose é simples e não altera a vida sexual masculina. "É uma operação de baixa complexidade. Muitas vezes o homem acha que tirar a pele do pênis vai desenvolver problema na sensibilidade ou de ereção. Mas a cirurgia é extremamanente segura e não tem cosequências na sensibilidade ou ereção", afirma Fernandes. 

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Embora o Sudeste tenha apresentado o maior número de casos nos últimos quatro anos (3.162), as regiões Norte e Nordeste foram escolhidas para iniciar o mutirão porque têm maior prevalência da doença. O Nordeste, por exemplo, lidera o ranking, com 9,93 casos por 100 mil habitantes.

O primeiro estudo epidemiológico feito pela SBU há alguns anos identificou que São Paulo ocupava o primeiro lugar na prevalência de câncer de pênis, “grande parte dos casos oriunda do Norte e do Nordeste, que busca tratamento em São Paulo”, ressalta o supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU, José de Ribamar Rodrigues Calixto.

A UFMA (Universidade Federal do Maranhão) publicou artigo em revista especializada, mostrando que o estado é recordista na prevalência desse tipo de câncer no mundo. A taxa chegou a 6,2 casos para cada 100 mil habitantes.

“É muito alta”, diz Calixto, acrescentando que do Amazonas à Bahia, os estados do Norte e Nordeste são também menos servidos por centros especializados de oncologia.

Diagnóstico

Segundo o professor, a postectomia, ou fimose, não evita o câncer, mas fornece diagnóstico mais precoce das lesões que estão começando na glande do pênis. Ele afirmou que, no Brasil, os diagnósticos são feitos, “infelizmente”, em casos já muito avançados.

Lamentou que a realidade brasileira seja a de operar o câncer de pênis nas fases T2 e T3, quando os tumores são de tamanho médio ou grande. As cirurgias deveriam ser feitas na fase T1, a primeira.

Por isso, é elevado o número de amputações de pênis no Brasil. Como a condição sociocultural e econômica é muito baixa no Norte e Nordeste, a maioria dos homens ignora que existe a doença. “Acham que é venérea, que é uma doença do tempo, que remédios naturais vão resolver”.

Quando procuram o urologista, já estão em fase bastante avançada, com diagnóstico de grandes lesões. “Não queremos isso. A gente quer, pelo menos, diagnosticar na fase precoce; não amputar ou, se amputar, tirar apenas um pedacinho do pênis, ressecar aquela lesão, só tirar o prepúcio, onde nasceu a lesão, e preservar a haste peniana”.

A maior incidência de câncer de pênis, acima de 60%, é detectada, em geral, entre homens na faixa etária de 50 a 60 anos, mas os urologistas já tiveram casos na faixa de 28 a 30 anos. Na UFMA, médicos operaram, inclusive, um jovem de 19 anos. “É muito raro isso”. Entre 15% e 18% dos homens acometidos pela doença têm entre 30 e 40 anos.

Educação sociossanitária

A recomendação é que os homens lavem efetivamente a glande três vezes ao dia, façam a retirada do prepúcio e estimulem a vacinação contra o HPV, cuja adesão no Brasil ainda é bastante reduzida.

"A vacinação do HPV é muito importante na adolescência para meninos e meninos. Mas, adultos que já tiveram o HPV é recomendado o tratamento das verrugas no pênis e a imunização. Com isso, o homem vai ter o estímulo do sistema imune e vai evitar uma ressidiva da doença e evita a transmissão para parceiras", orienta Roni Fernandes.

Incidência

Segundo dados obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia no Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde, houve queda no número de registros entre 2020 e 2021, atribuída à pandemia de covid-19, que reduziu a procura por tratamento médico. Os casos de câncer de pênis totalizaram 2,14 mil em 2018; 2,19 mil em 2019; 2,09 mil em 2020; e 1,79 mil no ano passado.

O maior número de casos nesses quatro anos foi registrado no Sudeste (3,16 mil), seguido pelo Nordeste (2,57 mil), Sul (1,18 mil), Centro-Oeste (658) e Norte (645). Nesse mesmo período, a prevalência foi maior no Nordeste (9,93); seguindo-se o Centro-Oeste (9,42); Sul (8,82); Sudeste (8,09); e Norte (8,05). Os estados com maior registro de tumor de pênis são São Paulo (1,48 mil), Minas Gerais (1,05 mil), Bahia (609) e Paraná (565).

Em números absolutos, a região com maior incidência de amputação é o Sudeste, com 2,87 mil casos no período, seguido pelo Nordeste (2,10 mil), Sul (1,13 mil), Norte (631) e Centro-Oeste (472). Os estados com maior número de casos de amputação são São Paulo (1,22 mil), Minas Gerais (1,06 mil) e Paraná (582).

Alerta

Segundo a SBU, os homens devem estar em alerta para qualquer mudança na genitália, que deve ser avaliada pelo urologista. Entre elas destacam-se ferida que não cicatriza, nódulos, secreções saindo do prepúcio, área vermelha endurecida, sangramentos vindo da glande que não é exposta, pruridos (coceiras). Essas mudanças podem ser pré-malignas. Consultando um especialista, o homem pode evitar a evolução para o câncer, orientou o supervisor da instituição.

De acordo com o Datasus/Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, de 2013 a 2020, a média nacional de cobertura para a segunda dose da vacina contra o HPV na população entre 11 e 14 anos é de 65,8% para a feminina e 35,6% para a masculina. Os estados com menor cobertura vacinal, com duas doses para meninos, são Acre (15,2%), Amapá (20,6%), Pará (22,6%) e Rio de Janeiro (23,1%). A vacina no SUS está disponível para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos.

O HPV tem prevalência mundial estimada em 11,7%, e a faixa etária de maior incidência é abaixo de 25 anos.

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