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Enxergar cores ao ouvir músicas? Entenda a rara condição que afeta a tiktoker Ana Eulália

Jovem relatou recentemente que tem sinestesia, uma ligação cruzada na forma como o cérebro processa os sentidos

Saúde|Do R7

Ana Eulália exibe desenhos feitos enquanto escutava músicas
Ana Eulália exibe desenhos feitos enquanto escutava músicas

A influenciadora Ana Eulália, de 19 anos, relatou recentemente aos seus mais de 564 mil seguidores no TikTok que tem uma condição chamada sinestesia.

"Significa basicamente que seus sentidos são embaralhados, em outras palavras, eu enxergo barulho, também sinto gosto, cheiro e textura", explicou em um vídeo.

Estima-se que a sinestesia afete em torno de 2% a 4% da população mundial adulta, com diferentes formas de manifestação.

Ana Eulália revela que se deu conta da sinestesia quando tinha entre 13 e 14 anos, ao descrever uma música como "rosa, macia e quente", sem que seu amigo entendesse do que ela estava falando.


Há 200 anos, a ciência procura entender esse fenômeno, mas ainda há muito mais perguntas do que respostas.

Em um artigo publicado no periódico científico Plos Biology em 2011, os pesquisadores David Brang e Vilayanur S. Ramachandran, da Universidade da Califórnia, descrevem a condição como "uma experiência perceptiva na qual os estímulos apresentados por meio de uma modalidade evocam espontaneamente sensações em uma modalidade não relacionada".


Pessoas como a tiktoker, que experimentam sempre essa mistura de sentidos, são chamadas de sinestesistas. Embora haja suspeita de uma característica genética, esse não é um fenômeno que conte com muitas explicações científicas.

Sabe-se que é distinto, por exemplo, de alucinações e de metáforas, que é mais comum em mulheres do que em homens, segundo a Associação Americana de Psicologia.


Os sinestesistas tendem a visualizar números ou música como cores, saborear palavras ou sentir uma sensação na pele quando cheiram certos aromas.

As formas como a sinestesia é descrita também variam. Pesquisadores entendem que a chamada audição colorida ou cromestesia, vivida por Ana Eulália, seja a mais comum delas.

Foi a cromestesia que inspirou o pintor russo Wassily Kandinsky (1866-1944) em suas obras abstratas.

Brang e Ramachandran apontam evidências acumuladas de que indivíduos com cromestesia têm capacidade aprimorada de detecção de cores.

"Esses efeitos perceptivos iniciais sugerem que a sinestesia está associada ao aumento do processamento de informações de cores; no entanto, é possível que essas diferenças no processamento de cores não sejam devidas à própria sinestesia, mas sejam meramente causadas pela experiência excessiva dos sinestesistas com as cores."

Para quem vive com essa condição, ver cores e formas ao ouvir uma música ou uma voz é tão comum quanto nos lembrarmos de uma paisagem ao escutar uma canção.

Outras formas de sinestesia incluem o surgimento de números que vão se interligando por linhas, como uma espécie de mapa mental.

Uma manifestação mais rara é a chamada sinestesia léxico-gustativa, em que o indivíduo associa palavras a gostos, temperaturas e texturas.

Já na sinestesia espelho-toque, a pessoa vê outra tocando uma parte de seu corpo e sente o mesmo toque em si.

Os pesquisadores da Califórnia ainda concluem que a sinestesia está associada "a inúmeros benefícios para o processamento cognitivo, potencialmente ressaltando a base do motivo pelo qual essa condição sobreviveu às pressões evolutivas".

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