EUA são um dos países mais caros do mundo para dar à luz
A partir de 2014, todos os seguros serão obrigados a incluir a cobertura de maternidade
Saúde|Do R7
Diante da notícia de uma gravidez, para muitas famílias americanas não resta muito além de sentar e fazer as contas, já que os Estados Unidos são um dos países mais caros do mundo quando o assunto é dar à luz, de acordo com estatísticas e especialistas.
As famílias que contam com seguro de saúde precisam pagar cerca de R$ 5.000 (US$ 2.400) e o valor restante, aproximadamente R$ 40 mil (US$ 19 mil), fica a cargo da seguradora, de acordo com um estudo realizado pelas organizações Conexão Parto e o Centro Para a Qualidade da Saúde e da Reforma do Pagamento.
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Quando não se tem seguro, o custo médio sobe para até R$ 77 mil (US$ 38 mil). As seguradoras "negociam grandes descontos" com os hospitais que não estão ao alcance de quem precisa de seguro, explicou à Agência Efe Harold Miller, presidente e executivo-chefe do Centro Para a Qualidade Sanitária e a Reforma do Pagamento.
— Em geral, os serviços de saúde são mais caros nos Estados Unidos que em outros países desenvolvidos porque os médicos, enfermeiras e outros profissionais da saúde são mais bem pagos.
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Na fatura final, cada detalhe é refletido, do serviço prestado pelo anestesista até o uso da sala de parto e do quarto no hospital. Gérard Anderson, economista da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, declarou à Efe que os custos foram aumentando nos últimos anos basicamente porque "não há restrições de mercado ou regulamentares nos preços".
Além disso, a maioria dos bebês nasce em hospitais, não em casas ou em centros de parteiras, e muitos chegam ao mundo por cesariana em vez de parto normal. Segundo Miller, "esses dois fatores fazem com que o parto seja muito mais caro do que o necessário".
Em outros casos "há mulheres que optam por partos prematuros apesar de seus bebês não estarem completamente desenvolvidos" e a estadia de um recém-nascido em uma unidade neonatal também é cara, disse Miller.
Apesar dos preços cada vez mais altos, há os que estão começando a oferecer "pacotes de gravidez" com tudo incluído, como é o caso do Centro Médico Maricopa, um hospital público de Phoenix (Arizona). Esse centro cobra cerca de R$ 8.000 (US$ 3.850) por um parto normal, valor que sobe para R$ 10.200 (US$ 5.600) quando o procedimento é uma cesariana planejada, de acordo com "The New York Times".
Dados da Federação Internacional de Planos de Saúde mostram que nos Estados Unidos o custo médio em 2012 de um parto normal foi de quase R$ 20 mil (US$ 10 mil) e de cerca de R$ 30 mil (US$ 15 mil) no caso de uma cesariana.
Esses números caem para entre R$ 6.000 e R$ 6.800 (US$ 3 mil e US$ 3.400) no caso do Chile, ou para entre R$ 5.200 e R$ 8.800 (US$ 2.600 e US$ 4.400) quando se trata do Reino Unido. Outra característica dos partos nos EUA, como lembra Anderson, é que as mulheres costumam ficar muito menos tempo no hospital após parir do que em outros países, salvo quando há complicações, precisamente pelo alto custo da hospitalização.
Os EUA têm uma das taxas de mortalidade materna e infantil mais altas entre os países desenvolvidos e para isso contribuem, sem dúvida, as dificuldades de pagar o acompanhamento pré-natal das mulheres pobres e das cujo seguro não cobre o procedimento.
A partir de 2014, graças à reforma da saúde promulgada pelo presidente Barack Obama em 2010, todos os seguros serão obrigados a incluir a cobertura de maternidade, embora a lei não explicite quais serviços devem ser garantidos. As mães americanas também estão amparadas pela lei federal de Licença Familiar e Médica, que permite às trabalhadoras com filhos recém-nascidos tirar até 12 semanas de licença.
No entanto, a licença não costuma ser remunerada e só podem recorrer a ela mulheres que trabalharem em empresas com pelo menos 50 funcionários. Além disso, as 12 semanas não cumprem com o mínimo de 14 semanas estabelecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).