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Exercícios e consumo de fibras previnem volta do câncer colorretal

Hábitos evitam inflamação da parede do intestino, reduzindo chance de formação de células alteradas; recidiva da doença tem chance de cura

Saúde|Deborah Giannini, do R7

Rico em fibras, brócolis é um dos alimentos que previnem inflamação no intestino
Rico em fibras, brócolis é um dos alimentos que previnem inflamação no intestino

O controle de peso, uma alimentação rica em fibras e a prática de exercícios aeróbicos, como hidroginástica, caminhada e até o pilates de forma mais intensa, fazem a diferença na prevenção da chamada recidiva do câncer colorretal.

De acordo com especialistas, esses hábitos criam um ambiente menos inflamatório à mucosa intestinal, reduzindo a chance de formação de células alteradas que podem gerar o aparecimento de um novo tumor.

Março é considerado o mês mundial de conscientização e prevenção do câncer colorretal. “Um dos fatores de risco para transformar uma célula normal em uma célula neoplásica [cancerígena] é justamente manter um processo inflamatório no tecido intestinal por longo período”, explica a oncologista Fernanda Campanelli, do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Muitas pessoas que tiveram a doença ficam contentes ao voltar a ganhar peso após o fim do tratamento, no entanto a oncologista ressalta a importância de ganhar “peso de qualidade”.


Veja também: novo tratamento contra o câncer

“Há algumas vias do crescimento do câncer colorretal que estão associadas à proliferação do tecido adiposo. Está comprovado cientificamente que o controle de peso e a atividade física regular têm impacto na redução do risco de recidiva não apenas do câncer colorretal, mas também do câncer de mama e do câncer de próstata”, diz.


O oncologista Artur Ferreira, do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, afirma que há estudos que indicam o uso de anti-inflamatórios como aspirina na redução de 20% a 40% de pólipos em indivíduos com risco médio para o câncer colorretal, mas ressalta que o uso desses medicamentos só pode ser realizado sob orientação médica.

“O câncer colorretal é uma das poucas exceções, que mesmo após uma recorrência de doença, de acordo com a apresentação dessa decorrência, pode ser passível de cura dessa lesão”, afirma Ferreira.


Previsão de 36 mil casos no Brasil

O câncer colorretal é o segundo mais frequente em mulheres e o terceiro em homens, no Brasil. Em mulheres, o primeiro é o de mama e, em homens, o primeiro é o de próstata e o segundo é o de pulmão. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), 36 mil pessoas devem ser diagnosticadas com câncer colorretal este ano no país.

Esse tipo de câncer pode ser evitado por meio de exames de rastreio realizados a partir dos 50 anos, segundo os especialistas. Tem início por meio do surgimento de um pólipo benigno no intestino que sofre alterações ao longo do tempo e, após cinco anos, em média, transforma-se em um tumor maligno.

Chamado de câncer esporádico, pois ocorre da combinação entre alteração genética e fatores ambientais, é mais comum em pessoas acima dos 65 anos. Por essa razão, o exame de rastreio preventivo, a colonoscopia, é indicado a partir dos 50 anos, tendo que ser repetido a cada cinco anos, dependendo dos achados do exame.

“O câncer é uma doença da terceira idade e a população está envelhecendo com hábitos não saudáveis, com alimentação rica em gordura animal e pobre em alimentos frescos. O brasileiro ainda fuma. Todos esses hábitos criam um ambiente favorável a um processo inflamatório do intestino e contribuem para o aparecimento de tumores”, afirma Fernanda.

Imagem de pólipo, precursor do câncer colorretal
Imagem de pólipo, precursor do câncer colorretal

Há também o câncer colorretal de origem hereditária, no qual uma mutação genética transferida de pais para filhos é responsável pelo surgimento do tumor. Nesse caso, o câncer se manifesta precocemente, portanto, os exames de rastreio são recomendados a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade do acometimento do familiar que apresentou a doença.

Cerca de 70% dos casos de câncer colorretal são esporádicos e 30% são hereditários, de acordo com Sérgio Nahas, diretor do Serviço de Cirurgia do Cólon e do Reto do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. "Para prevenir recidiva, é importante ter feito tratamento correto desde o início, com extinção da doença por meio de cirurgia", afirma.

Alta chance de cura na recidiva

“O câncer colorretal é altamente curável com tratamento cirúrgico. Cerca de 25% dos pacientes apresentam metástase no fígado, principal órgão cometido e, mesmo assim, a chance de cura é de até 50%”, afirma Fernanda.

Essa chance de cura depende da resposta do paciente à quimioterapia e do sucesso do tratamento cirúrgico. “Hoje um paciente com câncer metastático é potencialmente curável desde que responda bem à quimioterapia e se consiga limpar todo o fígado dele, deixá-lo livre de doença”, diz.

A chance de recidiva do câncer colorretal é de 50%, segundo a oncologista. O risco maior é nos primeiros dois anos. Nesse período, são feitos exames de acompanhamento que são os marcadores tumorais a cada três meses e tomografia do abdômen e do tórax a cada seis.

Do terceiro ao quinto ano, os marcadores tumorais passam a ser semestrais e a tomografia, anual. Ao fim do quinto ano, se a doença não retornou, o paciente tem alta oncológica.

“Se o paciente apresenta recidiva da doença no fígado, por exemplo, é possível intervir precocemente e ainda oferecer chance de cura de 30 a 40%. O foco é tratar precocemente”, explica Fernanda.

Caso apareça um novo foca da doença, existe a possiblidade de ablação, um procedimento menos invasivo que a cirurgia, utilizado em recorrências pequenas e isoladas – menos de 2 cm. Trata-se de uma agulha introduzida através da pele até o tumor que, por meio de radiofrequência destrói as células cancerígenas. Mas, como ressalta a oncologista, a decisão do tipo de tratamento é feita caso a caso.

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