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Falha em sistema do SUS causou queda artificial de casos de covid-19

Entre quinta-feira da semana passada e segunda-feira desta semana, municípios de todo o país tiveram dificuldade para notificar diagnósticos

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Testes de casos leves ficaram represados
Testes de casos leves ficaram represados

Uma instabilidade no sistema do Ministério da Saúde usado por municípios para notificar casos leves de covid-19 em todo o país foi responsável pela queda artificial de registros diários entre 17 e 21 de julho, seguida de um recorde de novos casos na quarta-feira (22).

O Brasil registrou ontem 67.860 novos casos, o maior número diário desde o início da pandemia. No entanto, na semana passada o ministério contabilizou 27.836 casos a menos do que na semana anterior. 

O problema já havia sido relatado na semana passada em um comunicado interno do Datasus (departamento de tecnologia da informação do Ministério da Saúde) sobre o sistema e-SUS Notifica .

"Há uma perceptível lentidão nos últimos dias, devido ao aumento expressivo do volume de informações e acessos simultâneos no sistema, no entanto, o DATASUS já está trabalhando em soluções para resolver o problema relatado. Nas próximas horas, ingressaremos em uma rotina de atualização e implementação de melhorias e correções necessárias. Durante esse período de manutenção, a aplicação apresentará grande lentidão e instabilidade, impossibilitando a busca de notificações por nomes", dizia a circular.


O R7 procurou o Ministério da Saúde na segunda-feira para saber sobre as dificuldades no e-SUS Notifica, mas não obteve resposta. 

Nesta quinta-feira (23), integrantes da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e do Centro de Contingência do Coronavírus afirmaram que essa falha também foi responsável pelo pico de casos registrado ontem, já que havia notificações represadas há pelo menos cinco dias.


O secretário da Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, disse que causou espanto o número de casos recorde no estado ontem: 16.777.

"Observamos que a partir do dia 17 de julho, esses números baixavam para 5.000 casos, 6.000 casos, sempre 2.000 a 2.500 casos a menos do que aquelas médias diárias. Aí já suscitou uma possibilidade de problemas, e que realmente foram confirmados."


O coordenador do Centro de Contingência, Paulo Menezes, acrescentou que houve represamento das notificações de casos leves.

"Foram pelo menos cinco dias em que os municípios tiveram dificuldade em atualizar as confirmações. Isso se acumula e as equipes precisam de alguns dias para poder atualizar e tirar a pilha de notificações da situação que estava."

Por outro lado, acrescentou o secretário, o número de casos no estado está dentro do que era previsto.

"Não estamos falando que esse número não existiu, mas ele deixou de estar diluído nos dias para ser lançado em um dia só. No compto da projeção daquilo que nós esperávamos até o final da segunda quinzena de julho, esses números ainda representam um numerário abaixo dessa média que nós esperávamos que é a variável entre 510 mil e 600 mil."

São Paulo acumula até quinta-feira 452.007 casos e 20.894 óbitos.

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