Fezes de cachorro e gato na praia podem infectar pessoas; entenda
Doença mais comum é o bicho geográfico, que causa desconforto e coceira; as crianças são as mais atingidas por parasitas
Saúde|Do R7
É comum a presença de cachorros e gatos nas praias, tanto de animais com o dono quanto de bichos de rua. Esse convívio, porém, pode ser prejudicial às pessoas, principalmente às crianças, que têm o hábito de brincar sentadas na areia e são mais suscetíveis por terem a pele mais fina e sensível.
Os animais acabam fazendo xixi e cocô no mesmo lugar em que as pessoas caminham e os pequenos brincam. O problema mais comum é o chamado bicho geográfico, causado por um parasita presente no intestino de cães e gatos.
“O pet defeca na areia; tem esse verme, que fica na areia e entra em contato com os seres humanos. Nos animais o verme está no ambiente adequado a ele, já no ser humano ele não consegue chegar ao intestino. A entrada se dá pelo contato com a pele, quando nos sentamos na areia ou andamos descalços, e, com o passar do tempo, o verme vai andando e fazendo uns caminhos pelo corpo”, afirma a dermatologista Sandra Taglioletto.
No começo da infecção, o bicho geográfico causa bolinhas vermelhas; depois, ao se movimentar pelo corpo, provoca muita coceira. A médica ressalta que o problema não é grave, mas o desconforto é grande.
“Se não fizermos nada, o verme tenderá a desaparecer entre quatro e oito semanas depois, mas não podemos ficar esperando esse tempo passar com um bicho andando pelo corpo e causando muito desconforto, porque coça muito. Às vezes apenas um verme se aloja na pessoa, mas existem casos de vários caminhos”, diz ela.
O tratamento é feito com vermífugos. A pessoa deve tomar o medicamento por três a cinco dias para eliminar o verme.
Embora seja um problema simples de resolver, a indicação é que os pets não sejam autorizados a ficar na areia. Muitas prefeituras, porém, liberam o acesso. É o caso da cidade de Santos, no litoral sul paulista, que no mês de novembro foi o primeiro município do Estado de São Paulo a autorizar a presença dos animais de quatro patas nas praias.
Além do bicho geográfico, as pessoas podem apresentar outras parasitoses, embora sejam mais raras. “As fezes infectadas dos animais podem passar para nós outras parasitoses, como a giardíase, que causa dores abdominais e diarreia, e a isosporose, que também provoca dores abdominais e gases, além de vômito e diarreia”, alerta Sandra.
Nesse caso, o tratamento é feito com o uso de medicamento antiparasitários e a reposição de líquidos, para não causar desidratação. A infecção, na maioria das vezes, também tem cura rápida. A médica adverte que o ideal é que os animais recebam os vermífugos, assim o problema é resolvido na base.
“Dificilmente os bichinhos que têm dono vão causar esse problema. Mas com cachorros e gatos de rua o controle é mais difícil. Por isso é importante calçar chinelos e, se possível, as crianças não se sentarem diretamente na areia”, finaliza a médica.