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Fora de aldeias, indígenas desenvolvem mais diabetes e hipertensão 

População tem de adotar hábitos alimentares diferentes daqueles dos locais de origem, o que aumenta riscos cardiovasculares

Saúde|Do R7

Indígenas vão para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida
Indígenas vão para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida

O projeto "Manaós: Saúde da População Indígena em Contexto Urbano", desenvolvido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia no Parque das Tribos – primeiro bairro indígena de Manaus –, descobriu que essa população está mais exposta a fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão e diabetes.

O deslocamento das tribos e aldeias para a área urbana, segundo Rodrigo Tobias de Souza Lima, pesquisador da Fiocruz Amazônia e coordenador do projeto, exige que os indígenas adotem costumes diferentes dos seus locais de origem.

"[Eles] passam a ter acesso a um novo modo de vida, implicando na mudança de hábitos alimentares, que aumentam a prevalência de hipertensão e diabetes entre eles", explica Lima.

Geralmente, eles se deslocam até os centros urbanos em busca de melhores condições de vida, mas não conseguem encontrar espaço e circunstâncias para produzir o próprio alimento, por exemplo. Isso faz com que tenham que aderir hábitos alimentares não indígenas.


"Neste sentido, queremos investigar os fatores de risco de doenças cardiovasculares dado o aumento da prevalência de indígenas hipertensos e diabéticos", relata o pesquisador.

O trabalho da Fiocruz Amazônia vem sendo desenvolvido desde 2019 e busca, cada vez mais, trazer reflexões sobre os desafios enfrentados por indígenas em centros urbanos.


"A intenção foi pensar esse aspecto de direito à cidade, em um território que é urbano de Manaus. O projeto acabou por dar voz a vários problemas dos indígenas sediados em vários outros centros urbanos espalhados no Brasil", explica Lima.

E acrescenta: "O projeto, na verdade, é a grande nascente dos debates sobre como podemos garantir direitos à saúde, aos equipamentos sociais, de populações indígenas não aldeadas, porque as políticas públicas cobrem os indígenas aldeados, mas quando eles saem das aldeias e vêm para as periferias dos grandes centros ficam também nas periferias do acesso aos serviços."


Atualmente, residem no Parque das Tribos, aproximadamente, 2.800 indígenas de 35 etnias. A comunidade existe desde 2013, mas a UBS (unidade básica de saúde) e a UPA (unidade de pronto-atendimento) mais próximas ao local estão a uma distância aproximada de 4 km e 6 km, respectivamente.

Segundo a liderança indígena Lutana Kokama (Lucenilda Ribeiro Albuquerque), o número de indígenas que chegam à comunidade aumenta diariamente.

"Já temos etnias do Pará, da Bahia, do Ceará, vai agregando essas famílias que vão vindo", diz.

O intuito do projeto é dar visibilidade a importância de políticas públicas voltadas a essa comunidade com, por exemplo, a construção de uma UBS na região.

"Nossas populações indígenas não tiveram a oportunidade que estamos tendo agora na área urbana, graças ao Projeto Manaós. São várias pesquisas que estão dando resultado, desde a UBS, com a parceria com Funai, Prefeitura de Manaus que traz para os indígenas da área de Tarumã Açu, atendimento e pronto socorro, atendendo o nosso sonho de ter uma UBS dessa aqui, que atenda os indígenas não só daqui, mas de outros bairros", conta Lutana.

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