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Hospitais impedem entrada de doulas por causa da covid-19

Entidades denunciam que unidades de saúde estão barrando a presença dessas profissionais; a doula Adriana Somavilla concorda com a medida

Saúde|Brenda Marques, do R7

Doulas são profissionais de apoio à grávida
Doulas são profissionais de apoio à grávida

As doulas são profissionais que acompanham a gestação e oferecem suporte às mãe antes, durante e depois do parto. Apesar de não serem médicas ou enfermeiras, essas profissionais estão autorizadas a estar por perto desde o momento em que a mulher entra no hospital até os primeiros dias do bebê. Porém, com o avanço da covid-19 no país, as doulas enfrentam dificuldade para exercer a sua atividade.

A Fenadoulas Brasil, entidade que representa associações de doulas em prol do atendimento humanizado, afirma em nota que hospitais, maternidades e outras unidades de saúde estão impedindo a presença dessas profissionais durante o parto por causa da pandemia do novo coronavírus.

A presença de acompanhante durante todo o período de internação é garantida pela lei federal 11.108/05.

Além disso, outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, têm legislações específicas que determinam que a presença de doulas deve ser permitida nos estabelecimentos de saúde desde o trabalho de parto até o pós-parto.


Leia também: Grávidas e mães de recém-nascidos entram na lista de risco da covid-19

A Associação de Doulas do Rio de Janeiro destaca, em carta aberta divulgada em rede social, que doulas são profissionais que prestam assistência durante toda a gestação e o período pós-parto. Por isso, não podem ser "impedidas como visitantes ou confundidas com acompanhantes" ou encaradas como supérfluas na atenção às gestantes e mães de recém-nascidos. 


Proteção das doulas

Por sua vez, a doula Adriana Luiza Somavilla, que faz parte do coletivo Clitória, concorda com a ausência dessas profissionais durante o parto por causa da disseminação do novo vírus.

"Nesse momento, eu concordo, porque a gente não sabe o que pode acontecer. A gente pode achar outras formas de ajudar", afirma. "Mas tem um problema muito sério que é os hospitais impedirem a presença de acompanhantes", acrescenta.


"Uma das funções da gente é incentivar a autonomia das mulheres. Então, a doula não pode se fazer essencial. A mulher consegue estar ali sem ela também", pondera.

A Fenadoulas destaca que a pandemia de covid-19 não pode abrir espaço para o desrespito ao direito das mulheres. "Com ou sem coronavírus, com ou sem sintomas de Covid-19, gestantes, parturientes e puérperas precisam de cuidado empático, baseado em evidências e com respeito aos seus direitos humanos".

A entidade divulgou uma cartilha com orientações de prevenção e atuação durante a pandemia e recomenda a realização de consultas virtuais, por meio de aplicativos de videoconferência.

"A doula é uma fonte de informação e apoio durante o ciclo gestacional. Mas podemos achar outras formas de criar vínculos nessa situação", analisa Adriana.

A associação do Rio de Janeiro reconhece que o exercício da profissão coloca doulas em situação de risco de exposição ao novo coronavírus e recomenda medidas de isolamento social, cuidado com higiene e uso de equipamento de proteção individual (EPI). 

No entanto, ressalta que autoridades de saúde ainda não se posicionaram sobre a presença de doulas em partos. "Portanto, segue em vigor a lei estadual nº 7324/2016, que garante a entrada e permanência de doulas nas maternidades e instituições congêneres da rede pública e privada do Rio de Janeiro".

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