Índices de depressão e ansiedade em jovens dobram na pandemia
Estudo detectou que 25% das pessoas com 18 anos ou menos no mundo apresentavam sintomas depressivos
Saúde|Fernando Mellis, do R7
Um estudo global feito por pesquisadores canadenses detectou que as taxas de prevalência de ansiedade e depressão entre jovens (com 18 anos ou menos) dobraram durante a pandemia.
Os resultados, publicados na segunda-feira (9) no periódico científico JAMA Pediatrics, da Associação Médica Americana, mostram que o índice de jovens com sintomas de depressão era de 12,9% antes da covid-19.
Foram analisados dados disponíveis em 29 estudos feitos em diversos países, incluindo 80,8 mil pessoas com 18 anos ou menos.
Após o cruzamento das informações, os pesquisadores concluíram que 25,2% dos jovens apresentavam sintomas de depressão nos meses subsequentes ao surgimento da doença.
"Os sintomas depressivos, que incluem sentimentos de tristeza, perda de interesse e prazer nas atividades, bem como interrupção das funções regulatórias, como sono e apetite, podem ser elevados durante a pandemia como resultado do isolamento social devido ao fechamento de escolas e requisitos de distanciamento físico", justificam os autores do estudo.
Em relação ao transtorno de ansiedade generalizada, a prevalência subiu de 11,6% para 20,5%.
"Os sintomas de ansiedade generalizada na juventude se manifestam como preocupação, medo e hiperexcitação incontroláveis. Incertezas, interrupções nas rotinas diárias e preocupações com a saúde e o bem-estar da família e entes queridos durante a pandemia de covid-19 estão provavelmente associadas a aumentos na ansiedade generalizada na juventude", acrescentam os pesquisadores.
Tanto para depressão quanto para ansiedade, os pesquisadores identificaram que as taxas de prevalência foram mais elevadas do que a média em adolescentes mais velhos e do sexo feminino.
O artigo sugere clara relação entre a pandemia "suas restrições e consequências associadas" a um "impacto considerável na juventude e em seu bem-estar psicológico".
"A perda de interações com os pares, o isolamento social e o contato reduzido com os suportes intermediários (por exemplo, professores, treinadores) podem ter precipitado esses aumentos [de prevalência]."
Além do retorno às aulas, os cientistas sugerem como "solução tangível" para as famílias o ajuste dos efeitos causados pela pandemia, como a implementação de rotinas relacionadas às tarefas escolares, horários para dormir e acordar, tempo para uso de dispositivos eletrônicos e atividades físicas.