Lotes iniciais de vacina da Moderna ficarão restritos a países ricos
Imunizante contra covid tende a ser o segundo a obter aprovação de órgão regulador dos Estados Unidos, que receberá 20 milhões de doses em 2020
Saúde|Do R7
A possível segunda vacina contra covid-19 a ser aprovada nos Estados Unidos, ainda neste ano, deve ficar longe dos países em desenvolvimento, pelo menos até meados do ano que vem.
O imunizante é desenvolvido pela empresa norte-americana Moderna em parceria com o NIAID (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas). A expectativa é que o registro para uso emergencial no país saia nas próximas semanas.
Mas os primeiros lotes já estão reservados pelo governo dos Estados Unidos. Serão 20 milhões de doses entregues ainda em 2020 e outras 80 milhões no próximo ano.
O governo também tem a opção de compra de 400 milhões de doses adicionais. Vale lembrar que a vacina funciona com duas doses por pessoa.
A União Europeia também garantiu 80 milhões de doses da vacina da Moderna.
Outros clientes da Moderna incluem Japão (50 milhões de doses), Canadá (20 milhões), Reino Unido (7 milhões) Israel (2 milhões) e Catar.
Um dos fatores que explicaria a dificuldade de acesso ao imunizante da Moderna é o preço. Segundo a rede de TV CNBC, a empresa está cobrando entre US$ 32 e US$ 37 por dose (R$ 171 e R$ 198).
Para efeitos de comparação, a BioNTech/Pfizer fechou acordo com o governo dos Estados Unidos para fornecer doses da vacina desenvolvida pelas duas empresa pelo valor de US$ 19,50 a dose (R$ 104).
O Brasil, até o momento, não tem proposta em andamento com a Moderna. Por meio de nota, o Ministério da Saúde afirma que "todas as vacinas do mundo em fase avançada de estudos clínicos estão sendo analisadas".
"Atualmente, o ministério acompanha cerca de 270 pesquisas, muitas já em estágio avançado e com resultados promissores. Todas as apostas necessárias serão feitas para achar uma solução definitiva para imunizar a população brasileira", acrescenta.
Entretanto, o Brasil pode ter acesso à vacina da Moderna por meio do Covax, um consórcio internacional para aquisição de imunizantes aprovados contra a covid-19 encabeçado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O governo brasileiro comprou uma cota que garante reserva de mercado para 42 milhões de doses — no valor de R$ 2,5 bilhões — de uma ou mais das nove vacinas em estudo que fazem parte do portfólio do Covax, inclusive a da Moderna.
A empresa pretende produzir no ano que vem entre 500 milhões e 1 bilhão de doses da vacina.
Porém, os países mencionados acima já garantiram ao menos 660 milhões de doses.
Como funciona a vacina da Moderna
Chamada de mRNA-1273, a vacina já teve os estudos da fase 3 parcialmente concluídos, com dados suficientes para pleitear registro emergencial.
Segundo a Moderna, o imunizante tem 94,1% de eficácia, mas ainda não há estudo sobre a fase 3 publicado em revista científica.
Diferente da concorrente, a Moderna diz que a temperatura de armazenamento da vacina desenvolvida por ela traz uma vantagem, tendo em vista que a da Pfizer precisa ser mantida a -70°C, o que requer caixas especiais com gelo seco.
"Você tem a capacidade de mantê-la em -20°C, que é essencialmente uma temperatura normal do freezer em casa ou de freezer médico por até seis meses, dos quais até 30 dias podem estar em uma temperatura normal de geladeira", disse o chefe de operações da Moderna, Ray Jordan, em uma entrevista ontem à CTV News, do Canadá.
Assim como a da Pfizer, a tecnologia adotada é a da RNA mensageiro, que usa uma molécula produzida em laboratório a partir da sequência genética do coronavírus causador da covid-19 (SARS-CoV-2).
Quando a pessoa recebe a vacina, o organismo interpreta as moléculas como se fossem o vírus — mas elas não causam danos — e começa a produzir anticorpos.
Posteriormente, se o indivíduo vacinado tiver contato com o SARS-CoV-2, a chance de estar protegido é de 94%, de acordo com as informações fornecidas pela empresa.
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