'Maior vilã' do AVC hemorrágico sofrido por Sidney Magal é a hipertensão arterial; entenda
Especialista explicou ao R7 que esse tipo de acidente vascular cerebral é 'potencialmente grave' e pode deixar sequelas
Saúde|Yasmim Santos*, do R7
Na semana passada, o cantor Sidney Magal, de 72 anos, assustou a todos após passar mal no palco, durante um show em São José dos Campos, no interior de São Paulo. O artista interrompeu a apresentação, recebeu atendimento médico no local e, no mesmo fim de semana, foi transferido para o HCor (Hospital do Coração), na capital paulista, onde está até hoje.
Durante a internação, foi revelado que o cantor teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico, caracterizado como um "sangramento talâmico", causado, possivelmente, por uma crise de pressão alta. Apesar de Sidney ter recebido alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na última quarta-feira (31), o quadro aciona um alerta.
A neurologista Jamileh Ferreira Chamma, dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, de Curitiba, explica que o AVC acontece quando há uma alteração do fluxo sanguíneo cerebral. No caso do cantor, houve uma ruptura do vaso sanguíneo, com "extravasamento do sangue para fora do vaso".
O chamado "sangramento talâmico" se trata do lugar onde ocorreu essa ruptura.
"No AVC hemorrágico causado pela hipertensão, em sua grande maioria, os vasos acometidos são os menores e perfurantes, de profundidade. E o local onde eles irrigam é o que chamamos de núcleos da base, entre eles, o tálamo [região central do cérebro]", afirma.
Segundo Jamileh, a "principal vilã" desse tipo de acidente vascular cerebral (no que diz respeito ao local e a forma de sangramento) é a hipertensão arterial sistêmica — condição que acompanha Sidney há anos.
Também conhecida como "pressão alta", a hipertensão é uma doença silenciosa e sem cura que acomete três em cada dez brasileiros, de acordo com dados da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia).
A principal característica da condição é uma pressão arterial que se mantém, de forma consistente, igual ou acima de 140 por 90 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecida como 14 por 9.
"Tanto para o AVC isquêmico [obstrução de uma artéria] quanto para o hemorrágico, a maior vilã é a hipertensão arterial sistêmica, que pode tanto ocluir [fechar] o vaso pela lesão da sua parede — por esses níveis pressóricos sempre altos —, quanto pela ruptura desses pequenos vasos e o extravasamento do sangue para uma determinada região do cérebro. Vai depender de qual vaso é acometido", diz a neurologista.
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Outras possíveis causas do AVC hemorrágico, quando há ausência desse pico pressórico, são doenças autoimunes e infecciosas; coagulopatias; malformações dos vasos sanguíneos e causas traumáticas. Em casos mais raros, pode ter relação com angiopatia amiloide — doença que causa uma fragilidade nos vasos.
Pela escassez de detalhes, não é possível saber a gravidade do quadro de Sidney e o tratamento que ele seguiu e continuará seguindo — depende de uma série de fatores, como o tamanho da lesão. Porém, Jamileh deixa claro que é importante controlar a pressão arterial, para que o sangramento não aumente e não ocorra outro AVC.
"Sabemos que um sangramento dentro da cabeça é potencialmente grave e, mesmo pequeno, pode deixar sequelas. Geralmente, quando atinge essa área [tálamo], [o paciente] fica com um lado do corpo mais fraco, vai necessitar depois de fisioterapia, de todo o auxílio, dependendo da sequela — não sou muito capaz de falar sobre esse caso [Sidney] em específico, por não estar cuidando", informa.
A depender dos danos sofridos pelo paciente, também é feito um tratamento fonoaudiológico e, às vezes, com terapia ocupacional.
Independentemente da vertente de reabilitação, é essencial manter a hipertensão controlada durante e após o acidente vascular cerebral.
"A hipertensão vai, realmente, dar sintomas quando o nível pressórico está muito alto, e aí o risco de se ter um AVC ou um infarto é enorme. É uma doença perigosa, porque, muitas vezes, os pacientes mantêm altos níveis pressóricos sem ter sintoma nenhum e, com isso, vão lesionando os vasos sanguíneos", relata a neurologista.
E acrescenta: "Lembrando que isso acontece nos vasos sanguíneos do cérebro, mas não só nos do cérebro especificamente, também acontece nos vasos do coração, dos rins. A hipertensão de longa data também pode alterar a visão, por exemplo. Então é de suma importância que se faça check-up sempre".
Os exames periódicos são ainda mais relevantes se já houver histórico de hipertensão na família.
"É uma doença, assim como a diabetes, superperigosa, por ser uma doença silenciosa. A longo prazo, [pode] dar muitos prejuízos e ocasionar muitas doenças", alerta Jamileh.
*Sob supervisão de Giovanna Borielo
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