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Mais preciso que a mão humana, robô ajuda em transplante de rim no Brasil

Cirurgia inovadora foi realizada parcialmente pelo equipamento e tornou o procedimento mais simples e menos invasivo

Saúde|Do R7

Equipamento torna procedimento complexo mais simples
Equipamento torna procedimento complexo mais simples

O Hospital São Luiz, da Rede D´Or, em São Paulo, fez nesta semana uma cirurgia inovadora, que começa a ganhar espaço em unidades de referência no Brasil: um transplante renal entre duas pessoas vivas (pai e filha) executado parcialmente por um robô.

O responsável pela cirurgia foi o médico Rodrigo Vianna, da Universidade de Miami, que veio ao país para o procedimento. Com o uso do equipamento, o procedimento antes complexo se torna cada vez mais simples e bem menos invasivo.

O robô foi usado para retirar o órgão da doadora. Como a intervenção é bem menos invasiva do que o procedimento realizado por humanos, ela sentiu pouca dor, praticamente não sangrou e teve alta no mesmo dia, algumas horas depois do procedimento.

O procedimento fez uma pequena incisão na paciente pela qual retirou o rim saudável com pinças. Segundo especialistas, as intervenções feitas pelo robô são muito mais precisas do que quando feitas pelas mãos humanas. É o caso da cirurgia tradicional e também da laparoscopia.


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Em seguida, o rim foi transplantado para o pai da paciente, que estava no mesmo centro cirúrgico, mas por meio de um procedimento cirúrgico tradicional.

Em conversa na noite de segunda-feira (19), pouco antes de ir para casa, Patrícia Tamada, de 34 anos, relatou estar feliz com o resultado da cirurgia, que terminara algumas horas antes.


"Eu saí do centro cirúrgico não tem nem dez horas, já fiz três refeições. Não estou sentindo dor, estou andando e já estou pronta para ir para casa", contou a consultora de TI.

O receptor teve alta na quarta-feira (21). A previsão dos especialistas é realizar nos próximos 30 dias um transplante semelhante. Mas, desta vez, será executado inteiramente pelo robô – tanto a retirada do órgão quanto o transplante.


Em um futuro não muito distante, com a estabilidade da rede 5G, o procedimento poderá até mesmo ser feito a distância. No caso de Rodrigo Vianna, por exemplo, ele poderia continuar operando pacientes no Brasil sem sair de Miami.

No procedimento com o robô Da Vinci, o médico não se aproxima do paciente. Ele está na mesma sala de cirurgia operando uma espécie de joystick que passa as instruções ao robô. O médico acompanha a cirurgia por vídeo.

O Da Vinci melhora o desempenho do cirurgião, porque proporciona movimentos mais amplos. Chega a 360 graus de rotação e possibilita uma atuação mais precisa. As imagens em 3D com aumento de até dez vezes permitem ao médico visualizar melhor a anatomia dos vasos e estruturas do órgão.

Desde 2018, transplantes renais com o robô Da Vinci já foram feitos no Hospital Pedro Ernesto, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), no CopaStar, da própria Rede D´Or, e no Hospital São Lucas. Os três ficam no Rio.

O robô também já foi usado no Hospital Brasília, no Distrito Federal, e no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte.

"Devido ao custo e à complexidade, não é uma cirurgia muito praticada", explica Rodrigo Vianna.

E acrescenta: "Mas no caso dos transplantes, ela traz muitas vantagens. O braço do robô, além de propiciar um corte muito mais preciso (faz movimentos que a mão humana não faz), ele não exerce pressão. Com isso, o paciente sente menos dor e consegue ter alta precocemente."

Em 90% dos casos, segundo ele, o doador consegue ter alta em menos de 24 horas, sem sentir dor na incisão e já caminhando.

"No procedimento tradicional, ele fica internado de dois a três dias. Isso é um grande incentivo para a doação de órgãos", acrescenta o especialista.

Como o rim é extraído pelo robô com cortes muito precisos e praticamente sem manipulação, o transplante (mesmo com o método cirúrgico tradicional) é também menos traumático. 

"Nunca achei que fosse possível ver uma doação assim, do jeito que eu vi hoje. Queremos mostrar que esta técnica já existe e está disponível no Brasil", afirmou o nefrologista Bráulio Martins, médico de Patrícia e de seu pai, Mário Tamada, de 61 anos, que sofria de insuficiência renal crônica.

"Os próprios convênios podem pagar, é um direito do paciente. A medicina deve ser para todos, não privilegiar os ricos, então estamos mostrando que essa técnica é uma opção."

Preço

O hospital não informou o custo do procedimento com o robô, mas ele ainda é mais caro do que a cirurgia convencional. Entretanto, com a redução significativa do tempo de internação do doador e do receptor e a consequente redução do risco de infecção hospitalar, o procedimento deve ficar mais acessível em pouco tempo.

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