Mulheres com endometriose têm maior concentração de metal pesado na urina, revela estudo
Prejudicial à saúde, cádmio é chamado de 'metaloestrogênio', pois pode agir no corpo de forma semelhante ao hormônio estrogênio
Saúde|Do R7
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Michigan, nos EUA, revelou que mulheres com histórico de endometriose apresentaram maiores concentrações de cádmio na urina, o que indica uma possível ligação entre o metal pesado e o desenvolvimento da doença. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira (24) no periódico científico Human Reproduction.
O cádmio é um tipo de metal que pode ser prejudicial à saúde e tem uma característica especial, sendo chamado de "metaloestrogênio", porque pode agir em nosso corpo de forma semelhante ao hormônio estrogênio.
Nos Estados Unidos, segundo o artigo, muitas pessoas acabam entrando em contato com o cádmio sem perceber, principalmente ao inalar fumaça de cigarro ou ingerir alimentos, como espinafre e alface, contaminados.
Embora outras pesquisas já tenham explorado a possível conexão entre o cádmio e a endometriose, esse estudo é o mais abrangente, pois usou a medição do metal na urina para avaliar a exposição ao longo do tempo.
Para conduzir essa pesquisa, os cientistas utilizaram dados da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição (NHANES, na sigla em inglês), que representa a população dos Estados Unidos entre 1999 e 2006.
Eles restringiram a população estudada a pessoas com idade entre 20 e 54 anos que também tinham informações sobre o diagnóstico de endometriose.
Os pesquisadores analisaram os dados e classificaram os níveis de cádmio em quatro grupos, conhecidos como quartis.
O primeiro quartil representa a menor exposição ao metal, e o quarto quartil, a maior exposição.
Os resultados indicaram que as participantes que estavam no segundo e terceiro quartis tinham um risco duas vezes maior de terem sido diagnosticadas com endometriose em comparação com aqueles no primeiro quartil.
Além disso, as concentrações urinárias de cádmio no quarto quartil mostraram um aumento de 60% na prevalência de endometriose.
"Ao observarmos os fatores de risco ambientais, como o metal cádmio, estamos nos aproximando da compreensão dos fatores de risco para essa condição”, disse em um comunicado a primeira autora do estudo, Mandy Hall, analista de dados do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade Estadual do Michigan.
No Brasil, a endometriose afeta uma em cada dez mulheres. Um estudo feito pela SBE (Sociedade Brasileira de Endometriose) mostrou, neste ano, que 57% das pacientes com a doença sofrem com dores crônicas e que em 30% dos casos há infertilidade.
A endometriose é uma condição médica na qual o tecido semelhante ao revestimento do útero, chamado endométrio, cresce fora do órgão. Essas áreas de tecido endometrial podem ser encontradas em órgãos próximos, como os ovários, as trompas de falópio e outros da região pélvica.
A endometriose pode causar dor intensa durante o período menstrual e as relações sexuais. Outros sintomas são sangramento irregular e infertilidade em algumas mulheres.
É uma condição crônica e pode afetar significativamente a qualidade de vida das pacientes, exigindo tratamento médico adequado.
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