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Não é hora de discutir 4ª dose da vacina anti-Covid, diz infectologista

Ciência afirma que não há evidências sobre necessidade de outra dose de reforço. Sociedade de Infectologia se posiciona sobre o tema 

Saúde|Carla Canteras, do R7

A necessidade de um reforço na imunização contra qualquer doença evitável por meio de vacinas só é apontada a partir da queda de proteção conseguida anteriormente por um esquema vacinal completo. No caso da Covid-19não é diferente, e a pessoa é considerada protegida a partir da aplicação de três doses de imunizante.

Enquanto algumas cidades e estados brasileiros programam a aplicação da quarta dose para conter a pandemia, especialistas e o Ministério da Saúde afirmam que ainda não é a hora de discutir ou indicar mais uma aplicação.

"Não há nenhuma evidência de que temos de dar a quarta dose a ninguém. Se for notado que os indivíduos que receberam as três doses, passado um determinado tempo, começaram a perder a proteção, aí é recomendado o reforço com a melhor vacina que estiver disponível à época", explica Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

"Hoje, não há nenhuma evidência de perda de proteção. Essa preocupação é completamente extemporânea [fora do tempo apropriado]. É uma discussão que deve ser feita, os profissionais devem ficar de olho nos indicadores. Mas não é o momento de anunciar uma data, como o Governo de São Paulo quer anunciar o dia 4 de abril", acrescenta o infectologista. 


Nesta quinta-feira (10), Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, advertiu que esse tipo de discussão atrapalha. “Essa ansiedade em querer aplicar a quarta dose sem evidência científica também não ajuda no enfrentamento da pandemia. É fundamental avançar a dose de reforço, eu tenho dito e reitero.”

A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulgou uma nota oficial nesta sexta-feira (11) em que afirma que a preocupação do PNI (Plano Nacional de Imunizações) deve ser a aplicação da terceira dose.


"Devemos, sim, insistir junto à população que procure os postos de vacinação espalhados em território nacional para que possam ser regularizados o esquema básico e a dose de reforço, a fim de realmente ocorrer benefício no tocante a internação e mortalidade. Esses dados de vida real são bem cristalinos, evidenciando que os pacientes vacinados com três doses geralmente estão apresentando sintomas leves e transitórios. Em contrapartida, aqueles que não fizeram uso do esquema vacinal completo estão sob maior risco de internação e com risco de óbito", divulgou a SBI por meio da assessoria de imprensa. 

O Brasil tem cerca de 25,68% da população com o esquema vacinal de três doses completo. O infectologista entende que a preocupação deve estar em aumentar o número de crianças vacinadas e o de adultos com as três aplicações. 


"Muitos adultos pegaram a Covid há pouco tempo, por causa da onda da Ômicron, e não puderam tomar a terceira dose. As crianças também foram infectadas e estão se vacinando agora. Temos de nos concentrar nisso agora, e não ficar discutindo bobagem. Querer anunciar uma quarta dose de vacinação atrapalha, não ajuda. Não traz nenhum benefício. Claro que há uma briga com o governo federal, mas seria muito bom que todo mundo falasse a mesma língua, a população ganharia", diz o diretor da SBIm. 

Além de não ter sido comprovada a queda de proteção imunológica e de o número de brasileiros com a terceira dose ainda ser pequeno, Renato Kfouri salienta que ainda não é possível saber quanto tempo vão durar os efeitos da variante Ômicron. 

"Não dá para prever qual impacto terá a Ômicron, quanto tempo vai durar a proteção das terceiras doses. O que se sabe é que a gente precisa talvez um dia, com o passar do tempo, reforçar essa imunização. Agora, com que vacina, quando não há nenhuma evidência que aponte nesse sentido, ainda não", diz o infectologista.

Também hoje, o corpo técnico da Ctai (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19) deve se reunir para discutir o assunto. Participam do encontro integrantes da Secovid (Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19) e de outras pastas do Ministério da Saúde, além de representantes do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), do Conasems (Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde) e de entidades médicas envolvidas com o tema.

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