Não se iluda! Tomar suplementos de vitaminas não significa estar bem-nutrido
Excesso de nutrientes também pode levar ao desequilíbrio do organismo e sobrecarregar órgãos, já que nem todos são eliminados pela urina ou fezes
Saúde|Carla Canteras, do R7
Vitamina C, D, K, ômega 3, complexo B12, poli vitamínico, melatonina, colágeno... As opções de suplementos alimentares são muitas, de vários preços e, na maioria dos casos, estão nas prateleiras de farmácias e drogarias à mão para qualquer pessoa, sem necessidade de uma prescrição médica.
O que parece ser uma solução rápida para melhorar a saúde e a nutrição pode trazer prejuízos reais à saúde, como alerta a nutricionista Thais Barca.
"Na nutrição existe o que chamamos de biodisponibilidade dos nutrientes. Se a pessoa suplementa alguma vitamina que já tem, pode diminuir ou aumentar outras e pode ter um efeito tóxico no organismo."
Ela exemplifica: "A vitamina C ajuda a absorver o ferro da refeição, assim como o cálcio atrapalha a absorção do ferro. Essa ligação existe entre as vitaminas minerais. Por isso, é bom fazer exame de sangue e check-up para dizer o que precisa – e se precisa ser feito."
O nutricionista Antonio Lancha Junior ressalta que o uso só é indicado quando necessário.
"O suplemento tem espaço na nossa vida quando, por qualquer natureza, a gente não consegue atender as nossas necessidades nutricionais com os alimentos que a gente ingere."
Outro fator importante sobre a suplementação errada é que o corpo não consegue eliminar todos os tipos de vitaminas excedentes pela urina ou pelas fezes. Mesmo assim, existem efeitos colaterais.
"No caso da vitamina C o que for excesso é eliminado pela urina, mas pode causar a precipitação do oxalato de cálcio e facilitar a formação de cálculo renal. Já outras vitaminas como a A, D, E e K são lipossolúveis e se ingeridas em doses excessivas, causam um grau de toxicidade e podem sobrecarregar o fígado", explica Lancha Junior.
Suplementos não podem ser tomados para sempre
Além da necessidade de indicação profissional, o uso de sumplentos não pode ser por longos períodos.
"Nenhum suplemento entra ad eternum. Ele entra com data para sair também, porque complementa a alimentação, em algum momento bem específico. Pode ser em uma queda de imunidade próxima ao inverno, porque temos essa queda em períodos mais estressantes ou quando há um déficit", destaca a nutricionista Gabriela Cilla.
Como descobrir se preciso de suplementos?
Os médicos conseguem descobrir a falta de vitaminas no organismo das pessoas por meio de exames de sangue e da análise clínica.
"Conseguimos notar o déficit quando há sintomatologias que não são frequentes no dia a dia, [como] cansaço excessivo, perda de sono, apatia, agitabilidade, irritabilidade", conta Gabriela.
Vale destacar que o excesso de algum nutriente também é percebido da mesma forma.
"Geralmente, os sintomas são bem parecidos quando está faltando ou está em excesso um nutriente. Por exemplo, o selênio em excesso pode cair cabelo, deixar a unha mais fraca, quebradiça, então tem de tomar cuidado", ensina Thais Barca
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Suplementação é individual
A ideia de pegar receita de um amigo, de uma propaganda que promete efeito milagroso também não ajuda.
O que faz bem para uma pessoa pode não fazer bem para outra. "A suplementação alimentar vai atender cada pessoa de uma forma. Não existe uma que valha para todas as pessoas", salienta Lancha Junior.
A especialista Gabriel Cilla completa: "colocar a sintomatologia na internet e procurar pode ter respostas erradas ou fazer uma suplementação que não é apropriada. Eventualmente, ao invés de ajudar, pode atrapalhar. Então, nesse caso é interessante procurar ajuda profissional e realmente fazer a suplementação se houver a sintomatologia e alimentação."
Como escolher o produto certo?
Mas a partir do momento que a pessoa tem a indicação médica para usar o suplemento, como saber qual produto comprar já que a oferta é grande nas farmácias e drogarias.
"É sempre importante observarmos que os potinhos que as vitaminas estão armazenadas não podem passar luz. Os potinhos mais transparentes, aqueles azulados ou alaranjado, não são uma boa ideia. A vitamina ou mineral que estão ali são mais voláteis, oxidam com mais facilidade e perdem o efeito. O ideal são os potes brancos, que protegem da luz", orienta Thais Barca.
Além disso, na hora que estiver em consulta com o médico ou nutricionista já peça indicação do melhor produto, pelo melhor preço, já que existem diferenças de valores substanciais.
"Não é interessante avaliar um suplemento pela marca ou preço. É interessante que a gente saiba o que está sendo comprado e por que está sendo comprado", conclui Gabriel Cilla.
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