Novas diretrizes da OMS contra o tabagismo pedem intervenção digital e apoio comportamental
Segundo a organização, objetivo é ajudar mais de 750 milhões de usuários que desejam abandonar o consumo
Saúde|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
A OMS (Organização Mundial da Saúde) publicou diretrizes inéditas para guiar o tratamento de tabagismo em adultos. O documento recomenda um conjunto abrangente de ações, incluindo apoio comportamental e intervenções digitais. Segundo a organização, o objetivo é ajudar mais de 750 milhões de usuários que desejam parar de consumir todas as formas das substâncias, incluindo os cigarros eletrônicos.
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Os técnicos da OMS dizem que as intervenções comportamentais incluem aconselhamento rotineiro com profissionais de saúde em sessões rápidas em locais apropriados. Além disso, os responsáveis pelo documento recomendam sessões em grupo ou por telefone, em casos mais graves.
“Esta diretriz representa um marco crucial na nossa batalha global contra estes produtos perigosos”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Ele capacita os países com as ferramentas essenciais para apoiar eficazmente os indivíduos a abandonar o tabaco e aliviar o fardo global das doenças relacionadas com o tabaco”, ressaltou.
Em outra diretriz, os técnicos recomendam que as ações baseadas em evidências científicas sejam oferecidas de maneira gratuita ou com custos reduzidos para os pacientes que querem deixar de fumar.
Tecnologia é aliada
A intervenção digital pode ser feita por meio de mensagens de texto ou aplicativos que auxiliam o paciente a acompanhar a evolução, além de permitir uma autogestão do tratamento. Os tratamentos devem ser aplicados de acordo com os profissionais envolvidos no caso.
Outro ponto no qual a tecnologia pode ajudar, segundo a organização internacional, é no compartilhamento de informações em sistemas de registros digitais, visando aumentar a adoção e manutenção de intervenções de tratamento.
Terapias
Segundo a OMS, as evidências são insuficientes para fazer uma recomendação a favor ou contra os métodos tradicionais, terapias complementares e alternativas para os interessados em parar de fumar.
Se essas terapias forem utilizadas por usuários de tabaco interessados em parar de fumar, as autoridades ou corpo médico devem se certificar de que são oferecidas com uma abordagem abrangente para apoiar a cessação do tabagismo, incluindo suporte comportamental.
Cenário mundial
Mais de 60% dos 1,25 mil milhões de consumidores de tabaco em todo o mundo desejam deixar de fumar, mas 70% não têm acesso a serviços eficazes de cessação. Os dados são da própria organização e foram apresentados durante o lançamento do documento.
“A imensa luta que as pessoas enfrentam quando tentam parar de fumar não pode ser exagerada. Precisamos de apreciar profundamente a força necessária e o sofrimento suportado pelos indivíduos e pelos seus entes queridos para superar este vício”, afirmou o diretor de Promoção da Saúde da OMS, Rüdiger Krech.
“Essas diretrizes foram elaboradas para ajudar as comunidades e os governos a fornecer o melhor apoio e assistência possível para aqueles que estão nesta jornada desafiadora”, concluiu.
Cenário brasileiro
O consumo de tabaco no Brasil caiu cerca de 35% desde 2010, segundos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde.
Tendências de 2022 mostram um declínio contínuo nas taxas de uso de tabaco globalmente — cerca de 1 em cada 5 adultos em todo o mundo em comparação com 1 em cada 3 em 2000.
Programa Nacional de Controle do Tabagismo
O PNCT (Programa Nacional de Controle do Tabagismo) é um dos braços da gestão do Ministério da Saúde que, por meio do Inca (Instituto Nacional de Câncer), promove ações para o controle do uso da substância.
O programa pretende reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade relacionada ao consumo de produtos derivados do tabaco no Brasil.